Após reunião de quase uma hora e meia com a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, disse em entrevista no Palácio do Planalto que permanecerá no cargo. Ele é apontado por um policial militar como envolvido em um suposto esquema de desvio de recursos públicos do ministério - Silva nega.
"Ela me sugeriu serenidade, paciência e reafirmou confiança no nosso trabalho", relatou o ministro. Ao final da entrevista, no salão nobre do Palácio do Planalto, ele recebeu um abraço do assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Indagado sobre se ficaria no Ministério do Esporte, Silva disse que "não há qualquer tipo de discussão sobre o assunto".
"Eu não entendo o porquê da pergunta porque a presidenta Dilma recomendou que eu continuasse o meu trabalho. Não há qualquer tipo de discussão desse assunto. Até onde eu sei, só houve especulações, dúvidas a respeito, de uma publicação. Mas a presidenta se mostrou absolutamente tranquila, atenta a todas as explicações que fiz e mostrou-se uma pessoa absolutamente tranquila e confiante", afirmou.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou nota após o encontro na qual a presidente comenta a decisão de manter no cargo Orlando Silva. “Não lutamos inutilmente para acabar com o arbítrio e não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente”, disse a presidente, segundo a nota.
Segundo Orlando Silva, Dilma pediu para que a equipe do Ministério do Esporte continue o trabalho. Ele afirmou que "desmascarou" as acusações contra ele. "Na conversa, nós esclarecemos os fatos, as acusações que tenho sofrido. Desmascarei as mentiras", declarou.
O ministro disse que Dilma ouviu atentamente as explicações e se mostrou "tranquila". Segundo ele, ao final da reunião, foram discutidos temas da agenda do ministério. Silva afirmou que deu detalhes da atuação da delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos em Guadalajara, no México, e informou a ela sobre os preparativos para a visita ao Brasil do presidente da Fifa, Joseph Blatter.
Silva também comentou declarações do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, de que esperava a indicação de "um novo interlocutor" do governo brasileiro junto à entidade para a Copa do Mundo de 2014. Segundo o ministro, nem sempre a Fifa e o Brasil “pensam da mesma maneira”.
“A relação da Fifa com o governo do Brasil é uma relação institucional. O governo do Brasil tem os seus interesses. A Fifa tem os seus interesses. E o governo do Brasil e a Fifa juntos têm um interesse em comum, que é fazer do Mundial um grande evento”, afirmou.
O ministro ressaltou que as posições que defende junto à Fifa são as defendidas pelo governo.
“Continuo confiante, trabalhando em defesa do meu governo. As posições que defendo não são posições apenas do ministro ou do ministério que, insisto, às vezes podem ser convergentes, por vezes podem ser divergentes [com as da Fifa]. Mas se trata de cumprir compromissos, garantias previstas em contratos, em acordos.”
Orlando Silva disse que vai “aperfeiçoar” o trabalho do Ministério do Esporte para evitar irregularidades como as apontadas em contratos da pasta em convênios com organizações não-governamentais.
“Na gestão pública, aqui e acolá, pode haver problema, pode haver erro, e o papel do gestor público é corrigir todo e qualquer erro que venha a identificar”, afirmou.
A denúncia
A presidente decidiu manter o ministro no governo apesar de ele ter enfrentado quase uma semana de desgaste político, depois da divulgação da denúncia de que o ministro teria participação em um esquema de desvio de dinheiro público do Segundo Tempo, um programa do federal destinado a promover o esporte em comunidades carentes.
Silva foi acusado pelo policial militar João Dias Ferreira, em reportagem publicada pela revista "Veja" no domingo (16), de ter recebido um pacote com notas de R$ 50 e R$ 100 na garagem do ministério.
Durante toda a semana, o ministro negou participação no suposto esquema e afirmou que não há provas contra ele. Em audiência no Senado, disse que a denúncia é uma tentativa de tirá-lo à força do ministério.
Afirmou também que a acusação é uma "reação" à cobrança do ministério, que pede a devolução, por supostas irregularidades, de R$ 3 milhões recebidos pelas ONGs do policial de convênios com o Ministério do Esporte.
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