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Política
Domingo - 23 de Outubro de 2011 às 10:59

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A Secretaria Geral da Presidência da República assumiu o controle das negociações com líderes indígenas das etnias Munduruki, Kayabi e Apiaká, que mantém sete pessoas como reféns na divisa de Mato Grosso com o Pará.  Os índios protestam contra  a construção da usina hidrelétrica São Manoel,  no Rio Teles Pires, entre a cidade mato-grossense de Paranaíta e Jacareacanga (PA). O coordenador da Funai em Colíder, Sebastião Martins, garante que os reféns, apesar da situação, não sofreram agressões.

A decisão de envolver a Presidência da República na operação para a libertação dos reféns foi tomada depois do fracasso nas negociações coordenadas pela Funai ao longo de toda a semana. Uma comissão de negociação chegou no sábado, 21,  à cidade de Alta Floresta, norte do Mato Grosso.

Na sexta-feira, uma liderança indígena conversou com secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de um telefone público instalado na aldeia. Nesta conversa, o líder indígena impôs a presença do Governo na aldeia e a discussão sobre a instalação da hidrelétrica. Ele deixou claro ao alto funcionário do Governo que os indígenas não aceitam o projeto.

Taravy Kayabi, liderança indígena da Terra Indigena Kayabi, divulgou uma nota explicando o motivo do protesto. Ele disse que os índios tomaram medidas radicais com o objetivo de serem  escutados. "Como deve ser do conhecimento de vocês estamos sendo atropelados pelo Governo que pretende construir várias barragens no entorno de nossa terra" - frisou o líder.

O índio relatou que a comunidade aceitou  fazer parte dos estudos e que tem procurado manter diálogo com os empreendedores e a Funai, preocupados, notadamente, segundo ele,  com os impactos que causarão as obras na vida dos índios. "Mas estamos sendo sumariamente desrespeitados. Já estamos vendo a barragem de Teles Pires ser construída e até agora, mesmo após a licença de Instalação nenhum programa nos foi apresentado".


Os funcionários da Empresa de Pesquisa Energética  e da Funai foram à aldeia, para uma reunião sobre as obras. Desde então, foram proibidos de deixar o local. Eles estavam na aldeia explicando os impactos que serão gerados pelo empreendimento aos nativos da região.

Os indígenas exigem a demarcação de terras, tema para o qual a Funai propôs que eles montassem uma comissão de lideranças, para ser discutido em Brasília. Todavia, segundo o coordenador da Funai, a proposta não foi aceita.

O episódio fez o Insittuto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) suspender as três audiências públicas que aconteceriam para tratar do assunto. Uma liminar da Justiça Federal de Mato Grosso também suspendeu a audiência pública. A EPE aguardava a decisão de licenciamento prévio do Ibama para incluir o projeto no leilão marcado pelo Governo para dezembro.

A usina, com capacidade instalada de 700 MW, poderá ser instalada próximo a foz do rio Apiacás. O reservatório da usina terá 63,96 quilômetros quadrados. Esse é um dos projetos de geração hidrelétrica previstos pelo governo na região Amazônica.
 






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