Qualificação profissional fortalece crescimento da construção civil em MT
As grandes perspectivas profissionais da construção civil têm atraído diversas pessoas para o setor. Neste universo, está a ex-vendedora Rita de Cássia Galdino Morato, que decidiu participar do curso de Aplicador de Revestimento Cerâmico para conseguir um emprego no segmento.
“O curso terminou num dia e no outro eu já estava empregada. Hoje sou uma profissional da construção civil e tenho carteira assinada, com o dobro que do que eu ganhava antes”, disse Rita, já avisando: "não vou parar por ai, pretendo fazer mais qualificações".
Sérgio Glads, de 38 anos, também decidiu mudar seu ramo de atuação. Atualmente, ele goza dos benefícios de ser um Operador de Escavadeira, um curso que segundo ele, transformou sua vida.
“Hoje tenho uma identidade profissional e sei que o curso de qualificação que participei é o grande diferencial que possuo. Tenho muito orgulho do que faço, principalmente, pelas várias oportunidades profissionais oferecidas na minha área", afirmou Sérgio.
Assim como Rita e Sérgio reescreveram suas histórias, os cursos do Projeto Copa em Ação, programa de qualificação do Governo do Estado, desenvolvido por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), tem ajudado muitas pessoas a melhorarem sua rentabilidade e mudarem os rumos da sua atuação profissional.
De acordo com o secretário adjunto de Trabalho e Emprego da Setas, Jean Estevan de Oliveira, até outubro deste ano, mais de duas mil pessoas participaram dos cursos voltados para a construção civil, realizados pelo Programa Copa em Ação.
“O projeto é uma das estratégias do Estado para impulsionar a qualificação, o microempreendedorismo e o encaminhamento ao mercado de trabalho. Nossa idéia é aproveitar as oportunidades geradas pela Copa de 2014 para fomentar a geração de renda das famílias mato-grossenses”, destacou o secretário.
MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do mês de setembro deste ano, confirmam o bom momento vivido por Mato Grosso. Neste cenário de ascensão socioeconômica, o setor da construção civil mais uma vez se destaca como líder nas contratações.
Mesmo com o declínio das vagas de emprego geradas no cenário nacional, o estado apresentou índice de 38% de crescimento. Os números positivos de desenvolvimento têm atraído pessoas de todas as regiões do país.
É o caso de migrantes como Raimundo José Ferreira da Silva, que deixou o ofício de gerente de avicultura no estado do Maranhão (mais de 1000 km distante da capital mato-grossense) para atuar como servente de pedreiro na região central do País.
Com muita dedicação e perseverança, em pouco tempo Raimundo foi crescendo profissionalmente dentro do segmento da construção civil e hoje comemora sua chegada ao posto de apontador de obra - uma espécie de fiscal da construção.
“Quando cheguei em Mato Grosso tentei encontrar um emprego nas fazendas de soja do norte do estado. Mas logo consegui a ocupação de servente de pedreiro e de cara passei a receber R$ 1.000, o quádruplo do que eu recebia no Maranhão. Tenho também muitos amigos que vieram para cá e estão construindo suas vidas nesta terra. Amo meu estado, mas, infelizmente, o que recebo aqui ainda é muito superior a qualquer ocupação exercida por mim lá”, afirmou Raimundo.
MULHERES NA OBRA
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Município (Sintraicccm), as mulheres tem tido grande destaque nos canteiros de obra, área que até pouco tempo era ocupada apenas por homens. O capricho nos detalhes faz com que elas sejam muito requisitadas para várias funções.
O encarregado de Homologação do Sintraicccm, Jadson de Brito, afirma que só este ano triplicou o número de trabalhadores do sexo feminino nas construções. “Um setor que antes era tradicionalmente masculino hoje ganhou mais valor agregado com a participação das mulheres. Para o acabamento das obras então, elas têm lugar garantido pelas empresas”, destacou Jadson.
“Troquei o ar condicionado pelo sol, mas estou muito satisfeita com minha escolha”, conta, Rosana Silene Santos, que deixou o emprego de camareira e se transformou em auxiliar de eletricista. “Minhas amigas nem acreditam, mas eu tripliquei minha remuneração e me sinto uma vencedora”, afirmou.
Já Isabela Aparecida Campos Silva, de 18 anos, deixou de vender salgados na obra para ser funcionária da empresa. “Fiz um dos cursos do Governo e logo consegui emprego, aliás, o primeiro com carteira assinada. Aprendi demais aqui e quero continuar trabalhando na construção civil”, disse Isabela.
Fazer as paredes das casas pré-fabricadas é a atual função de Luciana Gonçalves, outra mulher que optou por trabalhar no segmento. Ela conta que trocou as panelas pelos tijolos, já que antes exercia a função de auxiliar de cozinha. “Foi meu marido que abriu meus olhos sobre as possibilidades na construção civil. O serviço é pesado, mas compensa demais”, salientou Luciana.
PERSPECTIVAS SALARIAIS
De acordo com informações do Sintraicccm, a remuneração do segmento da construção civil, habitualmente, engloba o salário base de cada uma das categorias, horas extras e/ou a produtividade do trabalhador.
Um Operador de Escavadeira, Motoniveladora e Pá Carregadeira, por exemplo, pode ganhar até R$ 5 mil, conforme o nível de qualificação do profissional. Para um Eletricista Predial a remuneração pode chegar a R$ 3 mil. Um pedreiro, por sua vez, ganha até R$ 4 mil mensais.
“Tem muito emprego na construção civil. São empreendimentos imobiliários, as obras da Copa do Mundo e várias empresas que chegam ao estado, além é claro, da população que está melhorando sua moradia. Com tanto crescimento, vejo a qualificação profissional como fundamental para o fortalecimento do setor”, pontuou o encarregado do sindicato, Jadson de Brito.
A construção civil é dos setores que mais cresce no país e tem beneficiado trabalhadores como Rita, Sérgio e tantas outras pessoas que estão em busca de uma melhor colocação no mercado de trabalho. Aliado a conjuntura econômica do Estado, com conversão de capitais de agronegócio e dos investimentos para a Copa de 2014, que Mato Grosso é considerado hoje como um grande canteiro de obras.
Neste contexto, a qualificação se transforma no grande diferencial para os trabalhadores que buscam além de um emprego, sua consolidação profissional.
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