Jéssica Luana, 19, acusa 10 jovens de classe média de violência, durante festa na madrugada
Garota reafirma abuso sexual; Polícia abre inquérito
A delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, vai instaurar um inquérito, nesta terça-feira (25), para apurar a denúncia da garota de programa Jéssica Luana, 19, de que foi abusada sexualmente por dez jovens.
O crime teria ocorrido na na madrugada da última quinta-feira (20), durante uma festa em uma residência localizada na Rua Egito, no Santa Rosa, bairro de classe média alta de Cuiabá.
A delegada informou que o inquérito não havia sido instaurado anteriormente por falta de uma representação formal por parte da vítima.
"Nós já estávamos sabendo do caso e aguardamos a vítima comparecer para representar formalmente a queixa. Ela veio até a delegacia, prestou depoimento e reafirmou as acusações de abuso sexual. Agora, a Polícia Civil vai investigar as denúncias", disse Jozirlethe Criveletto.
Segundo a delegada, a jovem afirmou, em depoimento, que não conhece os acusados por nome, mas que consegue identificá-los por fotos.
Para a policial, provavelmente, será necessária a confecção de retratos falados para poder identificá-los. Além disso, a delegada irá intimar o proprietário da residência onde a festa ocorreu.
"Vamos começar a intimar os envolvidos para prestarem depoimento. A vítima já fez exame de corpo de delito, vamos solicitar o laudo. O proprietário da casa será intimado para prestar esclarecimentos sobre as acusações e esperamos que ele nos forneça os nomes dos outros participantes da festa", informou.
Ao MidiaNews, o proprietário da Boate Indomada, localizada na Rua Barão de Melgaço, no bairro do Porto, José Humberto Silva, disse que o local funciona há cerca de 30 anos e que um caso desse nunca havia sido registrado antes.
O empresário alegou que não faz exploração sexual. Segundo ele, apenas vende bebidas e aluga quartos para as jovens realizarem os programas.
"O valor que elas ganham nos programas é delas, elas que estabelecem o valor do programa e que recebem todo o dinheiro. Eu ganho com o aluguel dos quartos, que são fora da boate, e com a venda de bebidas", disse.
Humberto informou que o valor dos quartos gira em torno de R$ 50 a hora, e que, para usá-los durante toda a noite, o preço cobrado é R$ 150.
No caso específico da noite de quinta-feira, quando Jéssica Luana teria sido violentada, ele disse que o rapaz identificado apenas como Leandro pagou R$ 150 adiantados para a boate.
"É como se ele estivesse pagando o quarto, não o programa. Mas, para as moças, é bem melhor trabalhar nas boates. Imagine se ela [Jéssica] trabalhasse na rua, ninguém iria ajudar ela nessa situação", alegou o empresário.
O caso
A jovem Jéssica Luana disse que foi contratada por um jovem, identificado apenas como Leandro, na noite de quinta-feira (20), para fazer um programa. O rapaz teria ido buscar Jéssica na boate.
A garota afirmou que seguiu de táxi até a residência na Rua Egito. Ao chegar lá, disse que viu que havia pelo menos mais nove rapazes, que, segundo sua versão, já a esperavam apenas de roupas íntimas.
Jéssica afirmou que foi obrigada a manter relações sexuais com eles. Ela disse ainda que havia cocaína na casa e que os rapazes fizeram uso do entorpecente.
O suposto sexo grupal teria ocorrido entre meia-noite e três da manhã da sexta-feira. Ela disse que foi mantida em cárcere privado e que conseguiu escapar e pedir ajuda a um motorista, que a deixou próximo de uma viatura da Polícia Militar.
Procurado pelo MidiaNews o proprietário da casa onde a festa ocorreu, o estudante Túlio César Soares Barreto, 24, negou a acusação de estupro.
Ele admitiu que a festa aconteceu em sua casa, inclusive, com a presença de Jéssica. Ele também admitiu que os amigos mantiveram relação sexual com a jovem.
O estudante disse que Jéssica foi levada por um amigo até a festa. Logo que chegou à casa, o amigo, identificado como Leandro, teria dito que "tudo já estava pago".
O rapaz negou que havia drogas na casa, como denunciado por Jéssica à Polícia e registrado em Boletim de Ocorrência. A garota alegou que foi mantida em regime de cárcere privado por, pelo menos, quatro horas.
"Sempre fazemos festinha aqui em casa e nunca teve drogas. É mentira essa acusação. Bebemos bastante e eu perguntei, várias vezes, que horas ela [Jéssica] tinha que ir embora. Teve um momento em que eu vi que ela estava quieta em um canto, meio triste, e perguntei se ela queria ir embora. Ela disse que sim, depois me falaram que ela tinha fugido", informou.
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