"Existe a falta de leito e se deve à quantidade de hospitais que existem aqui. Só o município de Cuiabá detém hospitais. Há pouquíssimos no interior e toda demanda do estado vem para a nossa cidade. É por isso que gera esta falta e consequentemente a fila [para atendimentos]", argumentou Lamartine Neto, secretário municipal de Saúde de Cuiabá.
Lamartine reconhece que o total de leitos disponíveis na capital do estado está abaixo do recomendado pelo Governo Federal e que o município não dispõe do número de espaços apropriados. "A demanda é muito grande e hoje é maior que a oferta que podemos oferecer para a população", citou.
Na última semana, pacientes do Sistema Único de Saúde que procuraram o Pronto Socorro de Várzea Grande foram obrigados a permanecer nos corredores porque não havia espaços. Depois que o Pronto Socorro da capital foi fechado em razão de obras de reparo no teto, que desabou em função de uma forte chuva, pacientes desta unidade foram direcionados para o município vizinho.
Contudo, o resultado da situação foi um aumento de até 50% no número de pacientes da cidade várzea-grandense. Em Cuiabá, somente o universo de leitos de UTI está dentro do indicado pelo Ministério da Saúde. Conforme o Governo Federal, a soma necessária varia de 64 a 161. A capital dispõe de 163, conforme a secretaria municipal.
Crise na saúde fez Pronto-socorro lotar.
(Foto: Reprodução TVCA)
Destes, 141 são cadastrados junto ao CNES e outros 22 usados, mas sem o devido cadastramento. A saída para incorporar novos espaços para receber pacientes seria a construção de novas unidades hospitalares na cidade, argumenta Lamartine Neto.
"É ampliar o número de leitos. Seja construindo hospitais, os conveniados ao SUS - Sistema Único de Saúde - ampliando seus leitos. É ampliando os espaços físicos e isso não é tão fácil de resolver", comentou Lamartine Neto, da secretaria de Saúde.
Estadualização
Enquanto a principal cidade de Mato Grosso convive com a falta de leitos hospitares, o poder público quer repassar a gestão do Pronto-Socorro Municipal para o estado. Por meio da chamada "estadualização", o PSM tornaria-se o hospital de referência, estando sob gestão plena do Executivo estadual. Segundo Lamartine, esta seria a saída para o município ter condições de investir em políticas voltadas à saúde básica e a prevenção.
"O único hospital público é o Pronto-Socorro, que não consegue atender a demanda. Estamos em tratativa de operacionalizar a estadualização", frisou o secretário. Repassando a unidade para o estado, o município reverteria para a área de saúde básica e preventiva, o valor mensal gasto com a manutenção do PSM. Além do governo do Estado, o Pronto-Socorro recebe recursos por meio do Sistema Único de Saúde.
"O Pronto-Socorro recebe do governo do estado mensalmente R$ 1,3 milhão. Do SUS, mais R$ 1 milhão. O custo do PS é por volta dos R$ 6 milhões. São 3,3 milhões que o município tem que bancar para fazer o atendimento de todo o estado. É um, déficit que a cada dia cresce mais. Exatamente por isso que ele não consegue financiar, fazer investimento, expansão porque o custo operacional é muito alto", falou Lamartine.
No entanto, mesmo com a estadualização, a quantidade de leitos hospitalares não aumentará, segundo o secretário de Saúde do estado, Pedro Henry.
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