O menino Guilherme, de um ano e um mês, já começa a dar adeus à rara doença que o deixava sem imunidade. Guilherme Mezabara fez um transplante de medula óssea em um hospital em São Paulo na sexta-feira (21) e agora aguarda a evolução do tratamento quimioterápico.
A granulomatosa crônica faz com que a criança não tenha nenhuma imunidade a bactérias e fungos, o que significa que ele não pode ficar exposto, porque não tem defesas.
Guilherme e os pais, Luis Cláudio Anísio e Adriana Mezabara, aguardavam a operação desde que a doença foi descoberta, quando o menino tinha sete meses. A notícia de um doador compatível surgiu quatro meses depois, do banco internacional. A medula de um alemão era compatível com o bebê. O transporte foi feito de avião, chegando na sexta-feira ao hospital.
De acordo com Adriana, os médicos estão otimistas e agora é só aguardar a nova medula “pegar”. “A compatibilidade foi testada antes do transplantes. No momento da infusão já tem que estar tudo certo. Agora a quimioterapia vai ‘matar’ a medula original dele para a nova ter espaço para se acomodar”, explicou. Durante essa "acomodação" da nova medula, a criança fica sem defesas.
Novo sangue da nova medula óssea de Guilherme
(Foto: Arquivo Pessoal)
Por esse motivo, Guilherme está num quarto completamente isolado, no setor de transplantes do hospital, com filtragem de ar e cuidados especiais de assepsia. Quem entra no local precisa usar máscaras. “Agora a gente está fazendo as precauções, enquanto a nova medula não pega nele. Estamos com a expectativa de que até meados de novembro essa medula passe a funcionar nele”, disse a Adriana.
Luis Cláudio e Adriana entraram num esquema de plantão para ficar com o filho. Alugaram um apartamento perto do hospital, onde se revezam para dormir, cada um uma noite, enquanto o outro fica no hospital com Guilherme. Durante o dia, os dois fazem companhia a ele no quarto.
Guilherme parece ter momentos de diversão mesmo no quarto isolado. “Ele está com carinha de criança. Mexe nas bombas de medicamento, às vezes a gente tem que sair correndo atrás dele. A impaciência dele é só quando mexem nele. Tem que verificar pressão várias vezes por dia, trocar o catéter. Então sempre que a enfermeira vem pra mexer nele, ele fica irritado. Fora isso, ele tem se alimentado bem e estamos na expectativa da medula pegar o quanto antes.”
A mudança no tipo sanguíneo do filho de A negativo para B positivo não deve ser coincidência. Adriana está mesmo otimista em relação ao sucesso do tratamento. “Pode dar uma rejeição à medula nova. É tudo muito surpresa o que vem por aí, não tem como antecipar. Mas o que a gente antecipa é a expectativa de que vai dar tudo certo.”
E se depender do menino, vai dar. Segundo a mãe ele já conquistou os funcionários do hospital. "As enfermeiras, a copeiras, as moças da faxina. Ele é o único bebê dessa ala. Fica todo sorridente para elas", comemorou.
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