A partir desta sexta-feira (28), o rebanho começa a ser distribuído em diferentes municípios do estado onde estão instalados os campi do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT). Os 780 animais foram doados ao IFMT e serão utilizados em aulas práticas destinadas ao ensino da cadeia pecuária. Na lista dos beneficiados estão as unidades de São Vicente, Cáceres, Juína e Campo Novo do Parecis. Nesta quinta-feira (27) os servidores dos órgãos começaram a se mobilizar para a condução dos animais. Segundo o representante do IFMT na ação, Dalvadísio Gomes, os campi de São Vicente e Cáceres devem receber a maior parcela dos animais.
“Eles vão contribuir com as aulas para melhorarmos a qualidade genética do rebanho. Os alunos precisam ter aula prática e só através dos animais que isso se torna possível. Nesta sexta-feira (28) começamos a retirada”, declarou Gomes, ao G1. Em abril deste ano, durante fiscalização realizada pelo Ibama na região Médio Norte de Mato Grosso, fiscais identificaram que a criação dos animais ocorria na área onde fora detectada destruição de mata.
Na época, o proprietário foi autuado pelo órgão federal sob a justificativa de "impedir a regeneração" porque ele não retirou o gado do local. De acordo com o gerente da unidade do Ibama em Sinop, Evandro Carlos Selva, uma multa no valor de R$ 8 milhões foi emitida. No ano de 2008, o proprietário foi autuado pela primeira vez pela destruição de mais de mil hectares.
“Essa fazenda não retirou o gado desta área. O boi é pirata. Além da multa em 2008 pelo desmate, em 2011 constatou-se a manutenção dos animais e houve um novo auto de infração aplicado pelo Ibama, no valor de R$ 8 milhões”, disse Selva. Ainda de acordo com o representante, o proprietário conquistou o direito de permanecer como fiel depositário do rebanho.
“Quando houve a apreensão ele ficou como fiel depositário até o fim do processo. Administrativamente, o proprietário tentou recurso no Ibama, mas não foi aceito pela nossa procuradoria”, complementou Evandro Selva, acrescentando que o fazendeiro tenta, via Justiça Federal, garantir a posse dos animais.
Apesar de uma nova ação correr em âmbito federal e a decisão não ter saído, o representante do IFMT diz que o transporte dos animais deve ocorrer. A mão de obra empregada no deslocamento ficará a cargo do Instituto Federal. Segundo Dalvadísio Gomes, pelo menos 10 carretas com dois andares devem ser empregadas na operação.
Esta é a primeira vez que a instituição de ensino é contemplada com animais classificados como "boi pirata".
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