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Ciência
Domingo - 30 de Outubro de 2011 às 10:18
Por: Tadeu Meniconi

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Tadeu Meniconi/G1
Trailler do programa Quero Fazer no Largo do Arouche, centro de São Paulo
Trailler do programa Quero Fazer no Largo do Arouche, centro de São Paulo

Uma pesquisa israelense mostra que pessoas que sabem que têm o HIV estão fazendo sexo sem camisinha e transmitindo o vírus para outras pessoas. A equipe de Zehava Grossman, pesquisadora da Universidade de Tel Aviv encontrou, em pacientes recém-diagnosticados, formas do vírus resistentes a drogas. Isso mostra que eles receberam o HIV de pessoas que já tomam o coquetel para controlar a doença. 

Além disso, outras doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) foram encontradas nos testes, o que é mais uma indicação de que as pessoas deixaram de usar o preservativo em relações sexuais.

"A informação que temos é em Israel, mas temos tendências semelhantes nos EUA, na Europa e na Austrália", diz Grossman, sobre a falta de cuidado com o sexo seguro. "No nosso trabalho, fica bem claro que é uma tendência de 2007 para cá", completa.

Grossman afirma ainda que as pessoas infectadas têm consciência do que é um comportamento de risco. No teste de laboratório, é possível perceber se a pessoa adquiriu o vírus recentemente. A pesquisadora afirma que, nos últimos anos, muitos foram diagnosticados nesse quadro, e isso mostra que eles já imaginavam que poderiam estar com o HIV, provavelmente porque sabiam que tinham sido expostos ao risco.

Os dados obtidos deixam a pesquisadora preocupada principalmente com homens homossexuais. Ela diz que o número de gays diagnosticados é cinco vezes maior do que era há dez anos. Entre os heterossexuais, a variação não foi significativa, segundo ela.

Quero Fazer
No Brasil, uma campanha contra a Aids se volta para esse mesmo público. O programa Quero Fazer leva um trailler equipado com kits de teste rápidopara locais que são normalmente frequentados por homossexuais.

O exame é feito com uma gota de sangue, retirada com uma picada na ponta do dedo, e demora entre 45 minutos e uma hora para ser comunicado ao paciente.

O projeto, que já está presente em Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, é uma parceria do Ministério da Saúde com autoridades locais e organizações não governamentais (ONG"s). Há ainda o apoio da Agência Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional.

Dirceu Greco, diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, diz que não há registro de que a transmissão seja maior entre os gays, mas que esse é sim um grupo em que o HIV é mais comum, assim como entre profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis.

Segundo ele, o objetivo do Quero Fazer é "facilitar o acesso de populações que são diferentes do padrão usual da população" ao teste. "Muitas vezes, eles se sentem discriminados", comenta Greco, que especifica: "principalmente os travestis".
 
In loco
José Araujo, diretor da ONG Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (Epah), toma conta do trailler instalado no Largo do Arouche, centro de São Paulo, todos os domingos, de 16h às 20h. Ele e outros integrantes da Epah conversam com os interessados, explicam o que é o teste, tranquilizam os que esperam pelo resultado, e recebem abraços dos pacientes quando o resultado dá negativo.

Com o conhecimento de causa que a proximidade traz, Araujo concorda com o que o Ministério da Saúde diz.

"O preconceito está no ser humano, ele existe. O homossexual quer um serviço direcionado para ele, onde ele não seja julgado", argumenta o diretor, que dá o exemplo de uma pessoa que percorreu os 60 km que separam Jundiaí da capital do estado apenas para fazer o teste oferecido pelo programa.

Paciente faz teste de HIV no trailler do programa Quero Fazer, em São Paulo (Foto: Tadeu Meniconi/G1)

Além disso, a instalação de um trailler no centro da cidade e no fim de semana resolve uma questão prática. "Sempre foi constatado que a dificuldade é encontrar o teste, e não fazê-lo", acrescenta Araujo.

O trailler é composto de um laboratório e duas salas e aconselhamento, nas quais os atendentes sociais conversam com os pacientes antes do exame e na hora de dar o resultado.

O teste pode ser feito a partir dos 12 anos, que é quando começa a adolescência, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, desde que o jovem tenha plena consciência do significado.

Números
O Ministério da Saúde estima que 0,6% da população brasileira seja portadora do HIV. Há cerca de 215 mil pacientes em tratamento. A cada ano, entre 20 mil e 25 mil novos casos são diagnosticados e cerca de 12 mil morrem por causa da Aids.

No Brasil, cerca de 30% dos diagnósticos são feitos só depois que o sistema imunológico já foi afetado. Nesses casos, além de controlar a Aids, é preciso também combater as doenças que ela pode acarretar, como, por exemplo, a tuberculose.

Por isso, Greco enfatiza que diagnosticar a doença cedo – o que só é possível com o exame específico de sangue – ajuda no tratamento. “Quanto melhor você estiver, menor a chance de surgirem efeitos colaterais [do remédio]”, afirma o diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, que é infectologista.





Fonte: Do G1

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