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Quinta - 03 de Novembro de 2011 às 11:45
Por: KATIANA PEREIRA

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MidiaNews/Divulgação
O fazendeiro Arantes, que fez greve de fome, acusou o juiz Martini (dest.) de vender sentença
O fazendeiro Arantes, que fez greve de fome, acusou o juiz Martini (dest.) de vender sentença

O casal de fazendeiros Adão Rodrigues e Maria Lúcia dos Reis, moradores de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá), acusam o produtor rural Clayton Arantes de calote. Ele teria comprado uma fazenda na cidade de Santa Carmem (531 km ao Norte de Cuiabá) e não teria feito o pagamento.

O desacordo comercial entre as duas partes se arrasta em uma briga na Justiça há, pelo menos, oito anos.

A disputa judicial levou Arantes a realizar uma greve de fome, durante oito dias, na frente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, em Cuiabá. O protesto foi contra uma suposta venda de sentença. Arantes acusa o casal de ter comprado a sentença do juiz Paulo Martini, da Comarca de Sinop.

O advogado do casal, Ledocir Anholeto, disse ao MidiaNews que a acusação de Arantes é uma tentativa de se safar e de se fazer de vítima, armando "um grande circo" para desviar o foco de seus erros.

"A situação é bem simples: ele comprou a terra e não pagou. Usou de má fé e vem usando, até hoje. Por isso, o juiz Paulo Martini deu ganho de causa aos meus clientes. Ele [Arantes] recorreu em duas instâncias superiores e perdeu em todas", disse.

Segundo Anholeto, a família de Arantes adquiriu a fazenda, de 2.222 hectares, em 1998, por R$ 425 mil, parcelados em quatro vezes. Em 2001, mesmo sem quitar o débito, Arantes procurou Rodrigues e Maria Lúcia e propôs um novo acordo.

O advogado informou que o fazendeiro vendeu mil hectares para seus clientes pelo valor de R$ 600 mil, e o contrato que foi firmado em 2001, em Sinop. O montante seria pago com o arrendamento da área, feito ao próprio Clayton, que continuaria explorando e produzindo no local por mais três anos. Assim, ao invés de ele pagar o arrendamento da área, o valor seria abatido, zerando a dívida no ano 2004.

O problema, segundo o advogado do casal, é que Arantes não saiu na área, e não passou a propriedade para Adão Rodrigues e Ana Lúcia. Diante do exposto, o casal ingressou com uma ação judicial para lhes garantir a reintegração de posse. Eles ganharam a causa em todas as instâncias, mas, até o momento, não a sentença não foi cumprida.

"Meus clientes são vítimas. E, para se fazer de coitado, de injustiçado, esse cidadão fez essa greve de fome para chamar atenção e manipular a opinião pública e juízes, colocar suspeitas onde não existe. Temos toda a documentação que comprova essa fraude", disse Anholeto.

Atualmente, o imóvel objeto da disputa está avaliado em R$ 14 milhões. Nesta quinta-feira (3), o Pleno do Tribunal de Justiça deve julgar a ação rescisória ingressada por Clayton Arantes, que luta contra a reintegração de posse.

Outro lado

O MidiaNews falou com o produtor rural Clayton Arantes, na manhã de quinta-feira (3). O produtor rural reafirmou que não houve acordo com o referido casal.

"Não existe acordo com bandidos. O que estão tentando fazer é legalizar uma grilagem de terra com o aval de um juiz corrupto. Os documentos apresentados por esse casal e seu advogado são falsos. Vamos provar isso", disse.

Em todas as entrevistas que concedeu, durante a greve de fome, Arantes foi categórico em afirmar que é vítima de um suposto esquema de venda de sentenças no Judiciário de Sinop, e que seria comandado pelo juiz Paulo Martini.

O produtor fez greve de fome por oito dias na frente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O protesto foi encerrado na última quinta-feira (27), quando ele entregou um dossiê para a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, que garantiu que irá investigar as denúncias.

O juiz Paulo Martini também não atendeu à ligações, mas, em entrevistas anteriores, negou a existência do esquema denunciado pelo fazendeiro.






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