A jornalista Denise Pimentel foi vítima do acidente provocado por carro emprestado por manobrista
Foto: Arquivo pessoal/Terra
Maria Vânia Spera, mãe da jornalista Denise Pimentel Spera, 25 anos, morta em um acidente na estrada Velha de Campinas, provocado por um carro emprestado por um manobrista da capital paulista, ainda tenta digerir os acontecimentos que levaram à morte da filha e do professor Bruno Tuon Perim, 27 anos. "Eu ainda estou assimilando o que aconteceu. Foi uma coisa tão brutal, tão estúpida, que estou em estado de choque", disse a mãe da vítima, que viu displicência por parte do motorista que estava conduzindo o veículo que era para estar parado, em um estacionamento. "Para ele, é como se tive matado um gatinho na rua, um cachorrinho na rua", desabafou.
O veículo ocupado por Denise, Bruno e Ligia Tuon foi atingido pelo carro conduzido por Higor Costa Araújo, 22 anos. O carro, que pertencia a uma médica do Hospital Sabará, na região central de São Paulo, foi emprestado pelo manobrista Jhonatan Paulino dos Santos aos amigos Higor e Nivaldo Castro.
De acordo com a polícia, a dupla teria pegado o carro para ir até uma festa em Caieiras, na Grande São Paulo e, durante uma ultrapassagem perigosa em uma carreta, teriam atingido o veículo conduzido por Denise Spera.
No acidente, o veículo das vítimas foi atingido pelo carro da dupla e pela carreta que trafegava na via. De acordo com o depoimento dos suspeitos, eles estariam vindo de Caieiras, sentido São Paulo. Já o motorista da carreta, afirmou que eles vinham na direção oposta, ou seja, no sentido contrário ao carro das vítimas. Bruno e Denise não resistiram aos ferimentos, já Lígia foi encaminhada ao hospital.
De acordo com a mãe de Denise, um sobrinho dela teria ouvido do condutor um possível arrependimento pelo acontecido. "Pô, fiz m..., olha o que aconteceu", teria dito Higor Araújo. Mais uma vítima da violência no trânsito, Maria Vânia acha que esta realidade não vai mudar tão cedo.
"Perguntaram para mim o que eu iria fazer. Eu não vou fazer nada, eu sou pequena, sou pobre, não sou política e não tenho poder", disse a mãe da jornalista, que acha que os políticos deveriam levar a sério a impunidade a quem comete crimes no trânsito.
"Eles lá em cima que acham que têm a responsabilidade e poder de resolver, eles que resolvam. Acho que alguém, que eu não sei quem é, tem que fazer algo", disse.
Impunidade
Poucos dias após a morte da filha, Maria Vânia assume que um dos maiores medos é encontrar o motorista que causou o acidente que matou Denise. "Imagino eu olhando para um fulano e ele me fala: "A senhora é a dona Vânia?" Sou. E ele me responde: "Eu sou fulano, matei a sua filha, paguei R$ 200 e estou solto.""
Para a mãe da vítima, o pagamento da fiança nesses casos, acaba funcionando como uma espécie de pagamento pela vida das pessoas. "Perdi minha filha, ela tinha 25 anos, na flor da idade. Querendo um lugar ao sol, fazendo uma pós-graduação. O que aconteceu? Nada. Um irresponsável vem e tira a vida da minha filha e não acontece nada. Quer dizer, a vida da minha filha vale quanto?", falou.
Maria Vânia ainda disse que ouviu comentários de que os carros do estacionamento do Hospital eram emprestados por causa da lotação do estabelecimento. "Parece que ele disse "A gente empresta mesmo os carros, às vezes o pátio fica lotado e precisamos liberar o carro para ocupar mais espaço, é uma rotina." Não, isso não é uma rotina", disse.
Os três envolvidos foram indiciados por apropriação indébita e não por roubo de veículo, já que o automóvel foi entregue pela proprietária ao estacionamento. Higor Araújo, que estaria dirigindo o veículo e o motorista do caminhão foram indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
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