Categoria rejeitou proposta de reajuste salarial apresentada na quinta-feira (3) por terceirizada
Operários de fábrica em Cuiabá ameaçam cruzar os braços

Trabalhadores da Gutierrez Empreendimentos e Participações Ltda. - uma das empresas que atuam no canteiro de obras da nova fábrica da Votorantim Cimentos, no Distrito de Aguaçu (20 km ao Norte de Cuiabá) -, rejeitaram a proposta de reajuste salarial apresentada pela empresa, na quinta-feira (3).

Os 460 funcionários da empresa chegaram a paralisar as atividades ontem, mas decidiram retomar na manhã desta sexta (4).

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios (Sintraiccm), a categoria deu um prazo de 48 horas para que a empresa apresente uma nova proposta, sob risco de paralisarem os serviços no canteiro de obras por tempo indeterminado.

De acordo com a assessoria do sindicato, a empresa ofereceu um reajuste salarial de 11%. No entanto, a Gutierrez propôs, em troca, retirar alguns benefícios recebidos pelos operários, o que reduziria o valor da proposta para um aumento real de apenas 2%.

Caso uma proposta satisfatória não seja apresentada até segunda-feira (7), os trabalhadores poderão cruzar os braços por tempo indeterminado, o que refletiria em atraso nas obras da fábrica. Isso porque, em sua maioria, esses funcionários são carpinteiros e pedreiros, mão-de-obra essencial nessa fase da construção.

Reivindicações

Os funcionários da terceirizada pedem aumento salarial, por meio da incorporação no salário assinado na carteira de trabalho, do pagamento já feito em regime de produção integral - deixando o piso salarial independente desse regime -, além de pagamento dos serviços realizados aos sábados de maneira integrada ao salário mensal, e não mais por hora trabalhada, como é feito atualmente.

Eles pedem também redução do tempo de visita às famílias para 90 dias.

O presidente do sindicato, Joaquim Dias Santana, explicou ao MidiaNews, em entrevista no dia 17 de outubro (quando a primeira ameaça de greve foi feita), que, atualmente, os trabalhadores - em parte, provenientes de outros Estados - precisam esperar cerca de 120 dias para viajar e visitar, por 10 dias, os seus familiares.

O MidiaNews tentou entrar em contato com a direção da Gutierrez Empreendimentos, em São Paulo, mas ninguém atendeu aos telefonemas.

O presidente do sindicato se encontrava no Distrito até a edição dessa matéria, onde não há sinal de celular.

A obra

Com previsão de entrega para julho de 2012, a nova fábrica da Votorantim Cimentos promete auxiliar no crescimento do setor de construção civil no Estado, que aumenta 15% a cada ano.

A obra, que é um fruto de um investimento de R$ 390 milhões, tem conclusão prevista para um mês antes do prazo projetado. No Brasil, os investimentos da empresa somam R$ 5 bilhões.

A nova unidade da Votorantim deverá produzir 1,2 milhões de toneladas de cimento por ano, dobrando sua capacidade atual de fornecimento para a região de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que, atualmente, é de 1,3 milhões de toneladas ao ano na unidade de Nobres (146 km ao Norte da Capital).

Hoje, 600 pessoas estão empregadas na construção, mas, segundo o engenheiro do projeto, Álvaro Batelho, nos momentos de pico, até 1,2 mil empregos poderão ser gerados.

Após o início de produção da fábrica, em julho de 2012, a Votorantim deverá gerar 400 empregos diretos. Segundo Batelho, a obra civil já completou 30% do total a ser erguido.