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Polícia
Sexta - 04 de Novembro de 2011 às 19:07

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Deivison Almeida / G1
Adolescentes que são apreendidos na DEA não recebem comida
Adolescentes que são apreendidos na DEA não recebem comida
Adolescentes em conflito com a lei apreendidos na Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), em Cuiabá, estão há pelo menos um mês sem alimentação. Atualmente, 20 deles ocupam duas celas da delegacia. Todos os dias, as mães mantêm a alimentação diária dos filhos levando marmitas nas celas. De acordo com a Polícia Civil, o problema deve ser solucionado neste fim de semana.

O G1 apurou que até mesmo os funcionários da unidade estão recolhendo dinheiro entre si para manter a alimentação dos jovens. A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sedujh) informou que é responsável apenas pela alimentação dos menores que cumprem sentença judicial no socioeducativo.

O G1 esteve no local e encontrou na frente da delegacia diversas mães dos adolescentes aguardando o horário para entregar a marmita aos filhos. Uma delas é a doméstica Flávia da Silva Gama. Ela contou ao G1 que seu filho, de 16 anos, está há sete dias no local e que desde então leva comida ao filho. Ela reclamou que não é qualquer recipiente que entra na unidade. “Não tem condições da gente pagar marmita todos os dias como eles querem, E se a gente não tem dinheiro?”, questionou.

A doméstica disse também que em alguns casos ela tem que pedir ajuda a outras pessoas para conseguir levar comida ao filho. “A gente pede ajuda para a patroa, para parentes e até amigos para não deixar ele passar fome. Nós apelamos para o primeiro que aparecer na frente. Se a gente deixar nossos filhos dentro de casa sozinho para ir trabalhar, durante sete dias, logo o Conselho Tutelar e polícia aparecem para levar o filho da gente. Agora, deixar preso em uma cela cheia e com fome, pode”, desabafou.

Mães aguardam liberação para levar comida aos filhos (Foto: Deivison Almeida / G1)

Mães aguardam liberação para levar comida aos
filhos (Foto: Deivison Almeida / G1)

A reportagem visitou os quartos de custódia para conversar com os adolescentes. Um deles, de 16 anos, contou que além de ser comum o mau-cheiro nas celas, os leitos não são suficientes a todos. “Estou há seis dias sem comer nesse lugar. Estou dormindo no chão porque está cheio. Além do que aqui dentro [da cela] está cheio de insetos, estou com medo de pegar alguma doença. A cela está fedendo e nem banho estamos podendo tomar”, relatou.

De acordo com a administração do local, o correto é que cada cela abrigue apenas quatro adolescentes. Além disso, o tempo limite de permanência dos jovens na DEA, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), não deve passar de cinco dias. A administração da delegacia informou ainda que notificou há um mês os problemas ocorridos à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), pasta responsável pelo sistema prisional do estado.

Outro lado
O G1 procurou a Sejudh que informou que a pasta é responsável pela alimentação dos adolescentes a partir do momento que eles são encaminhados ao sistema socioeducativo. Já a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) disse que é responsável apenas pela alimentação dos policiais e funcionários da DEA e não tem nenhuma obrigação em fornecer alimentação aos jovens.

Já a Polícia Civil também foi procurada e disse, via assessoria de imprensa, que a alimentação dos menores é de responsabilidade do sistema prisional. Mesmo assim, o órgão prometeu que a alimentação será regularizada a partir deste final de semana.

Em relação à superlotação, a Polícia Civil disse ainda que o problema acontece por conta da demora das sentenças judiciais que são as que decidem pela permanência ou não dos menores no Centro Socioeducativo de Cuiabá.





Fonte: Do G1 MT

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