O rotweiller que foi arrastado pelo carro de seu dono por pelo menos 1 km em Piracicaba, no interior de São Paulo, na tarde de quarta-feira (2), já recebeu diversos pedidos de adoção, segundo a ONG Vira Lata Vira Vida, que está oferecendo tratamento ao animal. De acordo com a instituição, cinco pessoas já entraram em contato para saber como ficar com o cão. Outras também se manifestaram pela internet.
“Está chovendo pedidos e apoio à causa. Não queremos que esse crime fique impune como muitos outros que acontecem com animais”, afirma Miriam Miranda, diretora da entidade. Miriam ressalta que ainda existem muitos procedimentos a serem tomados antes de o animal ser encaminhado para adoção. “A Justiça precisa liberar, primeiramente. Depois, vamos analisar os candidatos, vamos até a casa das famílias, que precisam assinar um termo de compromisso. Também manteremos visitas regulares à casa escolhida para saber se o cachorro está sendo bem tratado”, explicou.
A ONG mantém na internet uma página onde são divulgadas informações sobre o tratamento do cachorro, chamado de Lobo. O último, divulgado às 18h desta sexta-feira (4), informa que o animal está estável e sem febre, mas ainda não saiu do período de risco. Ele passou por uma cirurgia para preservar uma das patas.
“Conseguimos preservar o membro, com a colocação de células-tronco. Agora é aguardar as respostas do organismo para saber se tudo terminará bem”, explicou o médico veterinário Armando Frasson, responsável pela cirurgia, que durou pouco mais de três horas. Além das células-tronco, foram utilizados pinos e placas. O animal teve várias lesões na pata que, com o atrito com o solo, teve gastos na pele, músculo e tendões até atingir a parte óssea. Os ferimentos foram tão profundos que pedaços de asfalto foram encontrados grudados no osso do cão.
Dono
O dono de Lobo foi localizado pela Polícia Civil na tarde de quinta-feira (3). O mecânico Claudio César Messias, que conduzia a caminhonete, disse que foi um acidente. Ele foi ouvido na delegacia e liberado em seguida.
Em depoimento à polícia, Messias afirmou que passeava com o cão, que pulou da carroceria da picape sem que ele notasse. “Só percebi que o estava arrastando quando um motoqueiro me parou e avisou. Fui embora porque achei que ele tivesse morrido, me deu um branco, um desespero e saí”, afirmou.
O delegado Wilson Sabino informou que será feita perícia na caminhonete e na corda que prendia o cachorro. Em seguida, as testemunhas serão ouvidas. “Vamos ver se há divergência entre o que ele disse e o relato das testemunhas. A princípio, o que eu penso é que é preciso ter cautela com os animais domésticos. Se ele queria passear com o cão na caminhonete, deveria se cercar de cuidados maiores”, disse o delegado.
O mecânico vai responder por abuso a animais, crime previsto no artigo 32 da Lei de Defesa ao Meio Ambiente. Ele aguarda o correr das investigações em liberdade, já que não houve uma situação de flagrante. Caso seja condenado, a pena pode chegar a um ano de prisão, além de multa.
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