Moradores de Sorriso encontraram membro dentro de cemitério da cidade. Cemitério não tem local exclusivo para enterro de membros, diz secretário.
Moradores encontram perna humana desenterrada em cemitério de MT

O proprietário de uma das funerárias da cidade, Gilvano de Ávila, confirmou que a perna já tinha sido enterrada anteriormente pela empresa. Dessa forma, ele acredita que o cemitério foi alvo de vandalismo. “Na minha convicção alguém desenterrou isso aí e na hora de colocar de volta não teve cuidado de enterrar o suficiente”, observou.

Membros amputados de moradores da cidade são encaminhados ao cemitério. Já outros materiais biológicos, como restos de placenta, por exemplo, são tratados pelo serviço de coleta de lixo hospitalar da cidade. Uma parceria entre o hospital Regional e as duas funerárias de Sorriso, desde 2006, acondiciona os membros amputados dos moradores da cidade no cemitério municipal. O problema é que o espaço não possui local exclusivo para o enterro desses resíduos. Atualmente, eles têm sido enterrados na beira do muro do cemitério, o que tem facilitado a ação de vândalos. A Secretaria de Obras da cidade informou que irá destinar uma área específica para enterro de membros amputados.

Ainda segundo Ávila, as funerárias não recebem nenhum dinheiro para enterrar os membros. “Eles estão dando o destino correto, mas com nossa colaboração. Não ganhamos nada com isso, mas também não queremos acumular essas peças no necrotério”, ressaltou.

Em entrevista ao G1, a servidora responsável pelos descartes de materiais biológicos do Hospital Regional, Rúbia Sartore, disse que a unidade é a responsável legal pelos membros amputados. “Legalmente nós podemos encaminhar os membros para serem sepultados. Para podermos fazer isso, a família ou o próprio paciente precisam nos autorizar”, disse.

Ela reconheceu, porém, que os sepultamentos dos membros terão que mudar. “Nós temos que melhorar a forma como isso tem sido feito. A gente tem que ter um local adequado e com covas mais profundas para o enterro desses membros”, pontuou. Anteriormente, ainda segundo Sartore, os membros eram enterrados de forma irregular em um terreno nos fundos do hospital.

Outro lado
O secretário de Obras de Sorriso, Emiliano Preima, disse ao G1 que o cemitério, construído há 29 anos, apesar de ser público, é administrado pelas funerárias da cidade, que abrem as covas e realizam os enterros. Ainda segundo Preima, a única função da Prefeitura é manter o local limpo com um servidor durante o dia.

Preima ficou surpreso quando soube que a perna humana foi encontrada a céu aberto no cemitério. Ele não sabia que o local era desprovido de local adequado para enterrar os membros. “Eu nunca vi isso nem na coleta de lixo da cidade. Até então eu acreditava que havia um local reservado para o enterro desses membros, o que não existe”, afirmou.

O cemitério também não tem licença ambiental para funcionar desde sua criação. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) confirmou as irregularidades ambientais do espaço ao G1 e disse que a Prefeitura de Sorriso já deu entrada nos processos de licenciamento ambiental. Assim que conclusos, Preima adiantou que o cemitério será terceirizado.