Na relação dos beneficiados estão aquelas pessoas que atuam no segmento, mas também outros ligados à atividade fora das fronteiras agrícolas. Os dados referentes à exportação da oleaginosa são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O envio de uma parcela maior da oleaginosa pela unidade federada neste ano também provocou reflexos positivos nos salários do trabalhador brasileiro. Na prática, o que se investiu diretamente na atividade para atender uma demanda específica motivou o acréscimo de até R$ 421 milhões na renda do brasileiro nestes dez meses.
Os indicadores que mostram a influência exercida pelo agronegócio de Mato Grosso e o quanto ele impacta na economia nacional foram traçados a partir de um estudo técnico desenvolvido pela parceria entre a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
A chamada "Matriz Insumo-Produto Inter-Regional Mato Grosso e o Resto do Brasil" apoia-se na metodologia oficial adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) e serve como um instrumento que permite identificar quais são os setores mais influentes e de que forma relacionam-se com o cenário nacional.
"A metodologia é a mesma oficial usada pelo IBGE, que não tem uma matriz específica para os estados. Com ela, temos indicadores que podem ser calculados e cenários analisados", declarou a coordenadora do projeto, professora doutora Margarida Garcia de Figueiredo, da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (uFMT.
De acordo com a pesquisadora, o material subsidiará a construção de políticas públicas para os diferentes setores, uma vez que permite traçar uma estrutura completa da economia, além ser uma espécie de fotogria junto aos segmentos.
O estudo foi construído e utiliza dados referentes ao ano de 2007. Mostra, entre outros pontos, quais são os chamados setores "chave" mensurando, por exemplo, indicadores relativos à produção, emprego e renda. Além disso, possibilita traçar perspectivas futuras e mapear quais pontos podem ser "atacados" na hora de resolver os chamados gargalos. De acordo com a coordenadora, mesmo o intervalo de quatro anos em relação a 2011, os dados ainda podem ser considerados atualizados. "Ela é uma fotografia da economia para um certo período de tempo", declarou.
A matriz-insumo foi desenvolvida em dez meses e, por meio dela, o desempenho de 78 setores e 110 produtos poderão ser mensurados. "Através dela podemos conhecer os indicadores econômicos que permitem traçar as políticas de planejamento", frisou Otávio Celidônio, superintendente do Imea.
Esta é a segunda matriz formulada no estado. A primeira foi desenvolvida em 1999, pela mesma pesquisadora. De acordo com Margarida, os dados são válidos para um período de cinco anos, uma vez que mesmo a estrutura positiva sofrendo alteração no estado, as mudanças não ocorrem em um curto período de tempo.
Índices utilizados
A pesquisadora explica que a a matriz-insumo apoia-se em índices capazes de medir o potencial de compra e venda dos setores para atendimento de uma demanda específica, isto é, um objetivo a ser alcançado. "Os valores acima de um indicam os setores acima da média e, portanto, considerados setores-chaves para o crescimento da economia", citou a pesquisadora.
Em Mato Grosso, a matriz já detectou que dos setores que mais se destacam tanto como importantes vendedores quanto compradores, 41% estão diretamente relacionados ao agronegócio. Na lista estão, por exemplo, o abate de bovinos (principal), comércio, a bovinocultura de corte, administração pública, fabricação de óleos vegetais, construção e soja.
Ao mesmo tempo em que demonstra os setores já consolidados, aponta para a possibilidade de crescimento dos segmentos que também podem contribuir com a evolução da economia mato-grossense.
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