Advogado Paulo Taques admite interesse em disputar sucessão de Cláudio Stábile e critica gestão
"A OAB-MT está velha e carcomida pela mesmice"
O advogado Paulo Taques afirmou ao MidiaJur que tem interesse em disputar a eleição para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, que acontece em novembro de 2012. Com um discurso contundente, ele deu todos os sinais de que o assunto lhe é empolgante e prioritário.
“A Ordem em Mato Grosso está velha e carcomida pela mesmice. A Ordem precisa de renovação. Por isso, a possibilidade de disputar a presidência interessa muito ao grupo que me apóia e a mim”, afirmou.
Segundo ele, o atual grupo que comanda a entidade está no poder a doze anos. “O atual presidente, a quem faço questão de registrar meu respeito pessoal e profissional, não representa novidade nenhuma... As pessoas que comandam a OAB de Mato Grosso hoje são as mesmas pessoas que comandavam há mais de uma década atrás”, disse.
Caso entre no páreo, Taques enfrentará a disputa pela terceira vez. Ele disputou o pleito em 2006, quando perdeu para Francisco Faiad, mas teve um desempenho considerado surpreendente, até pelo fato de ter enfrentado a máquina. Com isso, ele se cacifou como principal liderança de oposição. Em 2009, Taques entrou novamente na disputa, mas teve que desistir em função de questões particulares.
Agora, insatisfeito com o que chama de “mesmice na Ordem”, Taques reunirá novamente seu grupo para, até o final de fevereiro do ano que vem, decidir se entra na briga novamente.
“Mas que fique claro que a decisão de disputar não é só minha. Existe um grupo que permanece unido e coeso e precisamos discutir isso. Ainda não avaliamos o processo de modo específico”, disse.
Ele admite que está sendo sondado pela categoria. “Eu já comecei a ser questionado nos corredores do Fórum sobre o assunto. Muitos advogados me perguntam se vou para a disputa e, inclusive, revelando apoio ao projeto. Fico satisfeito, feliz e honrado, mas é uma decisão que passa pelo grupo”, reiterou.
“Grande pecado”
Uma das insatisfações de Paulo Taques em relação à atual gestão da Ordem é a “banalização da imagem da instituição”.
“O grande pecado é que os gestores atuais continuam a não dar a devida importância à Ordem em Mato Grosso. Nossa entidade é uma instituição histórica e emblemática no Brasil. E quando ela mesma não se respeita - ou não se coloca onde deveria - os advogados são banalizados e desrespeitados juntos”, criticou.
Taques citou exemplos do que seriam duas “atitudes públicas equivocadas”. “Há alguns meses, advogados foram presos em Cuiabá sob acusação de mal trato a animais. Depois que eles foram soltos, o presidente da OAB e seus diretores foram para a porta da delegacia fazer um ato publico de apoio a esses advogados. Ao chegar ao local, a Ordem encontrou entidades que atuam em defesa de animais e o ato virou um bate-boca. Acho que OAB não tem que ir para porta de delegacia defender advogados; tem que tomar uma medida concreta se eles foram desrespeitados pela autoridade policial, tem que fazer ofício e encaminhar à corregedoria da Policia Civil, e não seu presidente ir para porta de delegacia se expor”, afirmou.
Segundo ele, outro exemplo de exposição indevida foi o recente protesto de um produto rural contra o juiz Paulo Martini, de Sinop. Ele fez greve de fome em frente ao Tribunal de Justiça por supostamente estar sendo prejudicada pelo magistrado, a quem taxou de “contumaz vendedor de sentenças”.
“O presidente da OAB-MT posou para fotos e deu entrevista ao lado do agricultor. Acho esse tipo de atitude precipitada. Seria de melhor tom se o presidente atendesse o cidadão na sede da Ordem e agisse formalmente junto ao Tribunal de Justiça e CNJ, por exemplo. Até porque não se sabe quais os interesses envolvidos no episódio, ou se juiz é corrupto mesmo”, disse.
Paulo Taque disse que prefere que a Ordem em Mato Grosso se alinhe a outro perfil de atuação. “Eu gosto muito de citar uma foto, em que o então presidente da OAB de Mato Grosso, Rubens de Oliveira, o presidente nacional da Ordem, Marcelo Lavener, e o presidente da Associação Brasileira de Imprensa estão de braços dados em frente ao Palácio do Planalto, protestando e defendendo o impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Prefiro me lembrar dessa OAB nas ruas, pedindo o impeachment de um presidente da República, do que na porta de delegacia ou defendo greve de fome de quem quer que seja”, afirmou.
“E mais: enquanto o presidente da Ordem defende greve de fome, os advogados continuam com um Judiciário funcionando só no período da tarde, com audiências atrasando duas horas na Capital, e os advogados sendo desrespeitados no interior do Estado”, afirmou.
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