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Segunda - 21 de Novembro de 2011 às 21:24
Por: Tatiane Queiroz

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Clima permanece tenso na área de acampamento indígena atacado em Mato Grosso do Sul (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)

Clima permanece tenso na área de acampamento indígena atacado em Mato Grosso do Sul (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)

Permanece tenso nesta segunda-feira (21) o clima na área do acampamento indígena Guaiviry, da etnia guarany-kaiwá, na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, onde o cacique desapareceu na sexta-feira passada (18), depois que o local foi atacado, segundo as lideranças, por cerca de 40 pessoas.

O G1 esteve no local acompanhado de uma escolta de quatro policiais da Força Nacional de Segurança e três lideranças indígenas.

Segundo as lideranças o clima de tensão permanece desde o dia do ataque. Guerreiros indígenas, pintados de preto e armados com arcos, flechas e lanças de bambu, permanecem em estado de alerta, prontos para reagir a um novo ataque. À noite, os indígenas contam que caminhonetes têm rondando o acampamento.

Equipes da Polícia Federal e Força Nacional de Segurança têm feito rondas constantes na área, mas a insegurança, conforme as lideranças, ainda é muito grande.

Ernesto Cândido era um dos indígenas que estava no acampamento no dia do ataque e conta ao G1 que a triste lembrança o deixa com medo de novas investidas. “Foi tudo muito rápido, eram vários homens, veio um índio avisando que eles estavam armados, fomos pegar paus e lanças para nos defender, mas eles já vieram atirando. Estamos com medo, as mulheres estão em pânico, achamos que eles podem voltar a qualquer momento”, comenta.

Cândido diz que no momento do ataque se escondeu em uma área de mata, mas, mesmo assim ainda foi atingido de raspão por dois tiros de balas de borracha.

Rituais
Em rituais religiosos que estão sendo realizados desde sábado (20), as lideranças indígenas dizem que os “espíritos” revelaram que o cacique que está desaparecido desde sexta-feira (18), quando o local foi atacado, está morto.

“Durante os rituais o cacique nos respondeu que voltou para o lugar de onde veio”, explica ao G1 um dos líderes da etnia guarany-kaiwá, Tonico Benitez. Ele diz que a religião indígena acredita que após a morte o espírito volta ao seu local de origem.

Desde sábado (19), indígenas tem feito rituais no acampamento atacado em Mato Grosso do Sul (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)

Desde sábado (19) indígenas tem feito rituais no acampamento atacado em Mato Grosso do Sul
(Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)

No ritual, os indígenas dançam ao redor de uma estrutura feita de bambu, chamada de shyru, entoando cantos com instrumentos construídos por eles mesmos.

O filho do cacique, Genito Gomes, de 29 anos, comenta que também não acredita que encontrará o pai vivo. “Tenho certeza que meu pai foi morto”, afirma.

Nesta segunda-feira (21), uma equipe da Polícia Federal esteve no acampamento coletando material genético de Genito e de um irmão dele para, em caso de localização do corpo do líder, fazer a identificação.

Visita
Nesta terça-feira (22), o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Paulo Marcon, vai fazer uma vistoria na área de conflito, para acompanhar de perto a situação. Segundo a PF, a unidade está se redobrando para que o desaparecimento do líder indígena e o ataque ao acampamento sejam esclarecidos o mais rápido possível.

O ataque
Os indígenas, da etnia guarany-kaiwá, afirmam que o cacique desapareceu no início da manhã de sexta-feira (19), quando o acampamento teria sido atacado por aproximadamente 40 pessoas. A liderança teria sido atingido por um tiro de bala de borracha e depois teria sido colocado em uma caminhonete.

A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso, e representantes do Ministério Público Federal estiveram no local na última sexta-feira (18). A perícia policial colheu fragmentos de munição e vestígios de sangue. Exames devem apontar se as amostras são de material humano.

O acampamento ocupa uma área de 20 hectares, situada entre fazendas nos municípios de Aral Moreira e Amambaí, no sul do estado, que encontra-se em estudos para identificação de terras indígenas.





Fonte: Do G1 MS

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