O ministro das Cidades, Mário Negromonte, disse nesta sexta-feira (25), em Salvador, que as denúncias de suposta fraude em parecer de obra de mobilidade urbana para a Copa de 2014 em Cuiabá (MT) tentam "enfraquecer a presidente Dilma".
Após solenidade de assinatura dos termos de adesão à segunda fase do Programa Minha Casa, Minha Vida, ao lado do governador da Bahia, Jaques Wagner, o ministro também disse que o fato de ele ser nordestino - Negromonte é deputado federal do PMDB da Bahia licenciado - também influenciou para as denúncias.
"As denúncias vieram de parte da imprensa certamente insatisfeita com o governo federal, [que quer] enfraquecer a presidente Dilma. É uma mulher, existe discriminação. Existe discriminação com nordestino. Fizeram uma ilação sobre a Festa do Bode. Se fosse Festa da Uva, da Maçã, certamente ninguém faria discriminação. Como a Festa do Bode é coisa de nordestino, o ministro é nordestino, tome cacetada", disse Mário Negromonte.
O ministro fez referência a reportagem da revista "Época", que afirmou que ele usou o cargo para obter patrocínio estatal para evento no interior da Bahia que promoveu os interesses políticos de sua família.
Mais cedo, em entrevista à Rádio Estadão ESPN, Negromonte havia reafirmado que não houve fraude na mudança do parecer e que a sindicância vai apurar o caso e que não vai passar "a mão na cabeça de ninguém".
Reportagem de "O Estado de S.Paulo" acusou servidores da pasta de forjar documento que autorizou mudanças em projeto, ampliando o custo da obra para R$ 1,2 bilhão - R$ 700 milhões a mais do que o previsto na proposta original. Conforme o jornal, a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Gomide Vianna, teria participado da fraude.
Com relação à diretora, o ministro disse nesta sexta que não vai punir ninguém antes de saber exatamente o que aconteceu.
“Determinei abertura de sindicância para apurar eventuais irregularidades. Disponibilizei toda documentação original. Está na mão do Ministério Público. Não vou antecipar, não vou pré julgar A sindicância vai apurar se houve falha e erro do funcionário público. Não vou passar a mão na cabeça de ninguém”, afirmou.
O ministro negou a informação de que teria dado aval a mudanças no projeto. “Não tinha conhecimento, não dei aval a ninguém, nem dr. Cássio [chefe de gabinete], que é um técnico competente, sério, honrado. É bom que vocês entendam, não foi licitado ainda. A decisão foi do governo do estado de propor a alteração do modal. Lá, o governo passado, fez a proposta de BRT, ele achou por bem mandar os técnicos analisarem VLT, que é uma coisa mais moderna e mandou pra lá. Lá tem uma decisão colegiada.”
Questionado se já havia conversado com a presidente sobre a repercussão das denúncias, ele disse ter o apoio de Dilma.
“O ministro Gilberto Carvalho me ligou e disse que eu fique tranquilo porque a presidente conhece todo o trâmite. Não tem telefonema comprometedor de nada, não tem desvio de recurso nem corrupção. A gente não pode criar a república da desconfiança”, disse.
O ministro disse ainda que não tem "apego ao cargo". "Não vou ficar de joelho pra ninguém, não tenho apego a cargo. Estou muito honrado em fazer esse trabalho junto a Dilma. Se eu sentir que ela não me quer, eu vou lá e entrego. Mas até agora ela nunca sinalizou, muito pelo contrário. (...) Sou deputado. Esse eu dou valor, esse mandato."
Sindicância
Em nota oficial divulgada na noite desta quinta-feira (24), o ministro das Cidades, Mário Negromonte, anunciou que determinou a abertura de uma sindicância para "apurar eventual prática de irregularidade"
Na nota, o ministério afirma que a sindicância foi solicitada ao ministro Jorge Hage, da Controladoria Geral da União, "em aviso urgente". A pasta afirma ter entregue ao Ministério Público cópia do processo com a suposta fraude "mantendo os princípios de total transparência de seus atos e da prestação de contas aos órgãos de controle".
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