Do outro lado, a defesa do acusado comemorou o despacho. O advogado Waldir Caldas disse à imprensa que vai entrar com um pedido de liberdade do empresário, que ainda continuará preso até a apreciação do recurso. Ele vai permanecer na cadeia na capital por ter sido condenado no mês de setembro por montar uma suposta farsa para tumultuar o atual processo.
O MPF deve recorrer da decisão, mas o próprio filho do juiz assassinado, Leopoldo do Amaral, adiantou que vai pedir para a Procuradoria não continuar a disputa judicial. “O que aconteceu hoje aqui foi um teatro”, disse em tom de ironia. Ele também disse que não ficou surpreso com a decisão.
Acusado nega crime
O último dia de julgamento foi marcado pelo interrogatório do empresário. Durante as quase três horas e meia em que foi ouvido, Josino negou que tenha mandado matar o juiz e que tenha atuado como “lobista” negociador de sentenças. O acusado também afirmou não ter conhecido o juiz Leopoldino.
O caso
Segundo a Polícia Federal, o corpo do juiz estadual foi encontrado carbonizado em setembro de 1999 na cidade Concepción, no Paraguai. Ele teria sido morto após ser atingido por dois tiros na cabeça. Na época, o juiz tinha acabado de denunciar um esquema de venda de sentença. Em 2001, a ex-escrevente do Tribunal de Justiça (TJ-MT), Beatriz Árias, foi condenada pela Justiça a 12 anos por co-autoria do crime. Já o tio dela, Marcos Peralta, foi condenado como o autor dos disparos, mas ele morreu na cadeia.
Argumentações
O MPF sustentou a tese de que Josino teria encomendado o homicídio do juiz. A Procuradoria argumentou no juri que as provas do crime de mando são mais complexas para serem analisadas pelos sete jurados, porque não existe uma prova “cabal” que aponte o feito. Mas, sim, elementos (como conversas indiscretas) que indicam a existência de elementos que compõem uma linha de investigação.
No entanto, o o advogado João Cunha, que defendeu o empresário, afirmou que o assassinato não apresentou uma relação direta entre o suposto mandante e os autores do crime. Isso porque, segundo testemunhas, o empresário teria pedido para um policial militar matar o juiz, mas quem, efetivamente, executou o juiz foram os dois já condenados.
Outra condenação
Josino vai ficar preso porque em setembro deste ano foi condenado a mais de sete anos de prisão por integrar um suposto esquema criado para levantar a hipótese de que o juiz Leopoldino, na verdade, estaria vivo. No entanto, segundo o MPF, a nova investigação policial, tida como “falsa”, teve o único objetivo de tumultuar o processo e atrasar o atual Júri Popular contra o empresário.
O júri foi acompanhado pela reportagem do G1. Os três dias foram marcados por intensos debates entre a acusação e a defesa, além da presença de várias pessoas no plenário da Justiça Federal. Moradores da capital e familiares do acusado e da vítima assistiram ao julgamento.
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