EUA querem proibir uso de celular em academias
O uso de celulares nas academias está se tornando um problema, pelo menos nos Estados Unidos.
Muitas academias sempre desaconselharam seu uso, por motivos óbvios: além de a conversa alheia poder ser um incômodo para o colega na esteira ao lado, quem usa o aparelho durante o exercício não presta atenção no que está fazendo.
Isso diminui a consciência corporal e pode fazer com que o aluno repita movimentos errados, aumentando o risco de se machucar.
Mas com os novos aplicativos como programas de condicionamento ou trilhas sonoras feitas para malhar, há sempre uma desculpa para levar o aparelhinho na malhação.
A nova preocupação dos americanos, segundo uma reportagem do "New York Times", é com a privacidade do aluno.
É que lá tem gente aproveitando o celular para fotografar ou filmar outros alunos em ação _e nem todo mundo acha graça em aparecer sem querer em alguma pose imprópria. Mas imagens já estão vazando na internet.
Algumas redes estão querendo banir o uso do celular em todas as dependências da academia, incluindo vestiários, uma tentação para os hackers da malhação.
Aqui no Brasil, a preocupação ainda não chegou. E provavelmente, proibir o aparelho não vai agradar muita gente, que acha tão óbvio levar o celular para a esteira quanto sua garrafa de água e toalha de mão.
A estudante Ilana Lafer, 20, conta que era assim. "Nem pensava no que estava fazendo, até o dia em que tropecei na esteira enquanto estava falando no celular. Percebi que não tem nada a ver, se você está treinando, tem que se concentrar no exercício."
Agora, é só o celular alheio que atrapalha o seu treino. "Tem gente que fica falando superalto sobre assuntos que não me interessam, e as esteiras costumam ser grudadas umas nas outras. É desagradável."
A educadora física e personal trainer Gisele Schneider, que orienta alunos em grandes academias de São Paulo, afirma que, apesar do incômodo que causa aos outros, o maior prejudicado é a pessoa que não desgruda do aparelho.
"Usando o celular, a pessoa tem menos consciência corporal. Mesmo quando ela para o exercício para falar é ruim, porque isso interfere no ritmo do treino", diz Scheineder.
Nas redes brasileiras, não há política para uso de celular. "Não somos nem contra nem a favor", diz o departamento de marketing da Competition.
A Cia. Athletica diz que não restringe o uso, mas que pede para os alunos deixarem o aparelho no modo "vibrar" durante as aulas em grupo.
Na Ecofit, de São Paulo, a política é parecida. Segundo a assessoria de imprensa da academia, os alunos nem levam o celular quando a aula é coletiva.
Mas, nas salas de musculação e nas esteiras, estima-se que o aparelho é usado por 90% dos alunos. E ninguém reclama.
Nem gente como a estudante Ilana, que agora é contra o celular na academia. "Não gosto, mas também acho que proibir é demais"
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