Entenda as acusações contra o ministro Fernando Bezerra
A crise envolvendo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, começou após as acusações de que teria beneficiado Pernambuco --Estado governado pelo seu partido e onde fica sua base política-- com verbas para a prevenção de enchentes.
Dados da ONG Contas Abertas, divulgados pelo jornal "O Estado de S. Paulo", mostram que 90% dos recursos foram canalizados para Pernambuco.
A partir daí, as acusações não pararam mais. Segundo reportagem publicada pela Folha em seguida, o ministro privilegiou seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), com o maior volume de liberação de emendas parlamentares de sua pasta em 2011.
Coelho foi o único congressista que teve todo o dinheiro pedido empenhado (reservado no Orçamento para pagamento) pelo ministério (R$ 9,1 milhões), superando 219 colegas que também solicitaram recursos para obras da Integração.
Liberado em dezembro, o dinheiro solicitado pelo deputado iria para ações tocadas pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba), uma empresa pública presidida pelo irmão do ministro, Clementino Coelho, que deixou o cargo logo após as acusações.
Bezerra também teria utilizado recursos públicos para comprar um mesmo terreno duas vezes, quando era prefeito de Petrolina (PE).
A primeira compra teria ocorrido no final de seu primeiro mandato, em 1996, por R$ 90 mil. Na segunda, já em 2001, durante seu segundo mandato, teria pago R$ 110 mil.
Nas duas vezes, o dinheiro teria beneficiado o mesmo empresário, José Brandão Ramos, sob a mesma justificativa: transformar a área em um aterro sanitário.
Em dezembro, o ministro também teria obtido o adiamento da cobrança de uma dívida da Prefeitura de Petrolina com estatal ligada à pasta e então presidida por seu irmão.
Quando prefeito de Petrolina (PE), de 2000 a 2006, Bezerra firmou convênio de R$ 23 milhões com a Codevasf para a construção de estações de tratamento de esgoto. Clementino à época era diretor de Infraestrutura da estatal.
A Codevasf afirmou que prorrogações são "naturais" nesse tipo de procedimento, por envolver diferentes esferas administrativas e possibilidades de recurso. Segundo a estatal, "não cabe falar em nenhum favorecimento".
Bezerra também teria beneficiado aliados. Reportagem publicada pela Folha informou que a estatal Codevasf, subordinada à sua pasta, escolheu a empresa de um aliado e amigo para contrato de R$ 4,2 milhões em Pernambuco.
Em outra denúncia, ao menos R$ 6,7 milhões repassados pela Integração Nacional para o governo de Pernambuco aplicar em 41 cidades atingidas pela chuva foram parar na empresa de um aliado político do ministro Fernando Bezerra Coelho e do governador do Estado, Eduardo Campos (PSB).
Segundo reportagem da Folha, a Projetec Projetos Técnicos, do empresário João Recena (que é filiado ao PSB), recebeu para tocar as obras R$ 4,2 milhões em 2010 e o restante em 2011.
Bezerra alega que as acusações são infundadas, com origem no acirramento eleitoral.
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