"Os grandes exportadores de carne no mundo como Brasil, Argentina, Estados Unidos e Austrália vêm passando por algum tipo de problema e fizeram com que a oferta de carne tivesse um recuo. Exportamos menos carne, mas recebemos mais por esse produto devido à escassez no mercado internacional", avaliou Vacari nesta quarta-feira (18), durante entrevista coletiva na sede da associação.
Os números do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ajudam a contextualizar o cenário descrito por Vacari. De janeiro a dezembro de 2011, Mato Grosso exportou em carne in natura o volume de 148,8 mil toneladas. Um ano antes, a unidade federada alcançou 165,7 mil toneladas. Mesmo com a redução, os ganhos para a cadeia foram maiores, avançando de US$ 669,4 milhões para outros US$ 785,6 milhões.
Para Vacari, em 2011 o setor pecuário conseguiu atender todas as demandas originadas. "Foi um ano marcado pela estabilidade. Não tivemos grandes oscilações de preços pagos ao consumidor, dificuldade para atender o mercado tanto interno ou externo, o que permitiu ao produtor conseguir fazer um planejamento durante todo ano para continuarmos nesse ritmo de crescimento em 2012", avaliou o dirigente.
Segundo o superintendente, o embargo à carne brasileira pela Rússia também influenciou diretamente o desempenho da balança comercial mato-grossense. Desde junho de 2011 o setor não pode mais enviar carne à Rússia. Somente em 2010, as exportações para esse país representaram 26% de tudo que a unidade enviou para o exterior. Em 2011, somente 14% foram destinados para o país antes da proibição passar a vigorar.
"A Rússia é um mercado importante não só para Mato Grosso, mas também o país. Se não fosse o embargo, certamente teríamos mantido os níveis de exportação que tínhamos antes de 2008. O país foi decisivo na diminuição das exportações de Mato Grosso e do país", avaliou Vacari.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), entidade vinculada ao setor agropecuário estadual, o preço da tonelada de carne exportada aumentou 30% somente no ano passado, chegando a US$ 5.277/tonelada.
Apenas em dezembro, o valor médio da tonelada ficou em US$ 5.124. Ao longo de 2011, foi em setembro que o preço da tonelada alcançou a maior escala do período de US$ 6.105/tonelada.
Preços mais altos
Consumo de carne cresceu em Mato Grosso
(Foto: Reprodução TVCA)
Mesmo com a demanda internacional aquecida, o cidadão não encontrou preços mais baratos nas prateleiras dos supermercados. O consumo interno aumentou, mesmo diante da alta nos custos. Apesar de alguns cortes estarem até 68,37% mais caros no mês de novembro na comparação com 2010, a procura pelo produto no mercado interno estadual também contribuiu para amenizar os efeitos ocasionados pelo embargo.
Para Luciano Vacari, não existem razões que ajudem a explicar esse cenário de alta no preço da carne consumida no varejo (supermercado). "Explicação técnica a gente não acha nenhuma", pontuou.
Entre 2005 e 2011, enquanto o preço da arroba do boi paga ao produtor valorizou 79,19%, para o varejo o produto acumulou alta de 186,75%. Para a Acrimat, o consumidor foi o principal prejudicado nesta relação. A única saída para tentar arcar menos na hora de adquirir as tradicionais carnes para o churrasco é alternar a compra entre diferentes estabelecimentos.
"O consumidor pode mudar seus hábitos, procurar novos lugares para comprar carne, pois com certeza achará a mesma qualidade por preços mais baratos a exemplo do que existe hoje com o combustível", finalizou o dirigente.
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