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Agronegócios
Quinta - 19 de Janeiro de 2012 às 01:18

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Os produtores do maior rebanho bovino do Brasil, com mais de 29 milhões de cabeças, trabalharam em 2011 com 8,7% da área de pastagem totalmente comprometida com seca iniciada em 2010. Dos 26 milhões de hectares de pastagens, 2,2 milhões morreram com a seca. Esse cenário desencadeou uma série de mudanças no setor. “Com a falta de pasto o pecuarista teve que buscar alternativas para engordar o gado e encontrou saídas no confinamento, suplementação alimentar e no semiconfinamento, sendo este último, o grande negócio de 2011”, analisou o superintendente da Acrimat - Associação dos Criadores de Mato Grosso, Luciano Vacari.

Esse cenário ocorrido em 2011 pode ser constatado na comparação do preço da arroba do boi gordo nos último 9 anos, quando historicamente os preços da arroba no mês de outubro (entressafra) sempre foi superior ao de maio (safra), uma sequencia quebrada em 2011, quando outubro foi 0,6% menor que maio, por conta de uma maior oferta de boi gordo vindos de confinamento e semiconfinamento. O levantamento demonstra que em 2003 o preço da arroba em outubro foi 18,1% superior a de maio, em 2006 foi registrada a maior diferença com 23,1%, e em 2010 foi de 18,4% segundo levantamento do Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária.

 “Abatemos mais boi na entressafra do que na safra em 2011, o que comprova que essa é uma tendência de mercado e que o produtor está investindo em confinamento e semiconfinamento e isso tornou o ano de 2011 muito estável”, explicou Vacari. O crescimento de animais confinados em Mato Grosso em 2011 foi de 29% com relação a 2010 e a evolução do rebanho confinado nos últimos seis anos chegou a 548%. Comparando o preço da arroba do boi gordo entre 2010 e 2011 a variação foi de 15,3%.

Em 2011 o pecuarista mostrou que esta produzindo mais em menos. O abate de bovinos até 24 meses cresceu 40%, consequência de investimento em tecnologia por parte dos produtores. O abate de animais de 24 a 36 meses cresceu 7,74% e acima de 36 meses 13,15%. De janeiro a novembro de 2011 foram abatidas 4,4 milhões de cabeças, um acréscimo de 11,53% em relação ao mesmo período de 2010. Enquanto isso, apenas 52,68% da capacidade industrial instalada em Mato Grosso foi utilizada. Das 42 plantas SIF registradas no estado, 15 estão paradas em decorrência dos processos de recuperação judiciais iniciados em 2008. “O retorno de abate dos frigoríficos fechados é uma necessidade eminente para Mato Grosso e sem dúvida esse será um dos grandes desafios do setor”, ponderou o superintendente.

As exportações da carne bovina mato-grossense, segundo dados da Secex, caíram 11,2% em 2011 em comparação a 2010, mas em contrapartida a receita com a venda do produto no mercado internacional apresentou um aumento de 16%, impulsionada pela alta do preço da carne exportada e do dólar. O volume exportado foi de 195,2 mil toneladas equivalência carcaça em 2011 com uma receita de US$ 790,5 milhões. O embargo da Rússia contra a carne brasileira impactou nos números de Mato Grosso. As exportações para esse pais representavam 26% da carne exportada por Mato Grosso em 2010 e no ano passado os russos compraram apenas 14% da carne mato-grossense até junho, quando o embargo começou. Em compensação, a Venezuela que representava 7% de nossas exportações em 2010 subiu para 18% no ano passado. “Esse é um problema que já passou da hora de o governo brasileiro resolver, pois a Rússia é um mercado importante não só para Mato Grosso, mas para o país”, salientou Luciano Vacari. 

Em 2011 mais um recorde foi batido. A diferença entre o preço da arroba do boi gordo e da carne bovina do varejo (supermercado) foi a maior registrada desde 2005, quando o levantamento começou a ser feito. Nos últimos seis anos o preço médio pago pela arroba do boi gordo no Estado de Mato Grosso acumulou uma valorização de 79,19% e no varejo o preço da carne vendida ao consumidor final teve um aumento de 186,75%. Isso fez com que o diferencial entre os dois elos passasse de 53% em dezembro de 2010 para 108% em dezembro 2011.  

Para a Acrimat, o produtor e o consumidor são os grandes prejudicados nessa ciranda da cadeia produtiva da carne, já que o pecuarista tem a sua margem bem menor que o varejo e o consumidor paga um preço bem maior que deveria se os supermercados não buscassem uma margem de lucro tão grande. “Os supermercados apostam na fidelidade do consumidor na compra da carne e para mudar essa realidade o consumidor tem que adquirir o produto em locais que vendem mais barato para provocar queda nos preços”, disse Vacari.

 
 






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