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Cidades
Quinta - 26 de Janeiro de 2012 às 09:34

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“Foi esse telefone que me salvou”, disse o ajudante de obras Alexandro da Silva Fonseca Santos, de 31 anos, mostrando o celular que tocou assim que ele saiu do Hospital Souza Aguiar, após receber alta pouco depois das 9h desta quinta-feira (26). Alexandro é um dos sobreviventes do desabamento de três edifícios no Centro do Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira (25). Três feridos permanecem internados.

“Quando olhei pela janela, comecei a ver o reboco caindo. A primeira coisa que pensei foi entrar no elevador”, contou Alexandro, que trabalhava em uma obra no nono andar do Edifício Liberdade, no número 44 da Avenida Treze de Maio. “Quando entrei, o elevador despencou. Só pensava na minha família, e que fosse morrer”, recorda.

De dentro do elevador, Alexandro conta que ligava para um amigo, que estava fora do prédio. “De dez em dez minutos eu falava com ele”, lembra. “Até que ele me colocou para falar com um dos bombeiros”, acrescenta. O ajudante de obras levou duas horas até ser resgatado. “Não tive um machucado, nem um arranhão”, disse na saída do hospital.

Ajudante diz que havia mais quatro pessoas no prédio
O ajudante de obras conta que, por volta das 21h de quarta-feira, chegava ao nono andar do edifício, onde trabalhava em uma pintura. “O prédio parecia estar desmanchando. Começou a cair de cima para baixo”, recorda, antes de voltar correndo pra dentro do elevador.

Alexandro diz se lembrar de mais quatro pessoas dentro do edifício, no momento do desabamento: dois colegas de trabalho, que estavam junto com um zelador do edifício, no térreo, além de outro zelador, que mora, segundo ele, no 18º andar. “Já falei com meus amigos, e eles estão bem. Mas não sei como estão os zeladores”, disse.

“Os bombeiros gritavam: ‘Tem alguém aí?’ E eu respondia, de dentro do elevador: ‘Estou aqui!’”, conta Alexandre. “Quando me acharam, cortaram um ferro na parte de cima do elevador. Eu, que sou magrinho, consegui sair por ali”, recorda. “Quando me pegaram, já me deram uma máscara para eu respirar melhor. Eu estava calmo”, complementa.

Alexandro afirmou que não sentiu cheiro de gás em nenhum momento durante o tempo em que participou da obra no nono andar. “Também não ouvi nenhum explosão, somente o barulho do prédio caindo”, acrescentou. “É difícil explicar o que aconteceu”, disse. “Eu pedi muito a Deus. Orei muito. Tenho quatro filhos e minha esposa, e agora só quero abraçá-los. Além do meu aniversário, no dia 13 fevereiro, agora tenho que comemorar o dia de ontem, quando nasci de novo”, concluiu com um sorriso.

Morte

As equipes de resgate do Corpo de Bombeiros encontraram os primeiros corpos na manhã desta quinta-feira. De acordo com a corporação, a vítima é um homem, ainda sem identificação. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML).

Buscas
De acordo com o Corpo de Bombeiros, 60 homens de quatro quartéis realizam as buscas por desaparecidos no local do desabamento. As equipes contam, ainda, com o apoio de quatro cães farejadores e máquinas como retroescavadeiras e pás mecânicas.

Para facilitar o trabalho das equipes da Prefeitura do Rio e do Corpo de Bombeiros em busca de vítimas, trechos de ruas da região permanecerão fechadas nesta quinta-feira (26). Já as estações do metrô no Centro, que haviam sido fechadas na quarta-feira, funcionam normalmente desde as 5h. A Prefeitura pede que a população evite o local para facilitar a atuação das equipes.

Feridos

Três vítimas que seguem internadas no Hospital Souza Aguiar. As informações são da Secretaria municipal de Saúde. Segundo o órgão, o quadro mais grave é o de uma mulher, que teve lesão no couro cabeludo e passou por uma cirurgia.

Uma outra vítima também foi levada para o hospital, mas já foi liberada. O homem, identificado apenas como Francisco, não estava dentro de um dos prédios, mas ajudava os bombeiros no resgate e sofreu um corte.

Um zelador e um operário, que estava dentro de um elevador, estão entre as vítimas retiradas com vida dos escombros. As informações são do coronel Sérgio Simões, secretário estadual de Defesa Civil. Ainda de acordo com o coronel, as buscas se concentram em dois pontos sinalizados com a ajuda de cães farejadores.

No início da madrugada, parentes reunidos na porta do hospital procuravam desaparecidos que estariam nos prédios.

Interdições

Os trechos fechados, segundo o Centro de Operações Rio, são Avenida Treze de Maio, onde houve o desabamento, Avenida Almirante Barroso entre Avenida Rio Branco e Senador Dantas. Já a Rua Senador Dantas vai funcionar com mão invertida entre Avenida Almirante Barroso e Evaristo da Veiga. Para esta operação, agentes de trânsito trabalharão nos bloqueios com apoio de 10 painéis informativos. Veículos que vêm da Cruz Vermelha e da Avenida República do Chile deverão seguir pela Rua Senador Dantas, que estará com a mão invertida.

A Prefeitura do Rio reforçou o efetivo no local. Mais de 40 agentes da Defesa Civil e d Secretaria municipal de Saúde estão na região, além de quatro ambulâncias para remoção das vítimas.

Equipes no local
Cerca de 200 homens da CET-Rio e da Guarda Municipal estão nas ruas orientando o trânsito na região do desmoronamento. A CET-Rio também colocou dez reboques na região e dez painéis em diferentes pontos da cidade. A Rioluz dá apoio com 20 homens, três caminhões do tipo cesto, geradores, equipamentos de segurança e iluminação. A Seconserva atua com 30 homens, 10 caminhões e duas escavadeiras. A Comlurb conta com 30 homens, 10 caminhões e duas pás mecânicas. A Secretaria municipal de Obras disponibilizou três escavadeiras hidráulicas, um guindaste de cem toneladas, duas tesouras mecânicas e um rompedor pneumático. A Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) patrulha a área com seis equipes de controle urbano, enquanto a Secretaria de Assistência Social atua com 20 profissionais.

O Centro de Operações está em alerta tomando as medidas necessárias, como deslocamento de equipes e acionamento de outros órgãos e concessionárias, para minimizar o impacto do desabamento e facilitar o trabalho das equipes. O monitoramento é feito por cerca de 50 operadores na sala de controle, que utilizam 15 câmeras na região afetada.

Mapa interdição desabamento (Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio)Mapa interdição desabamento (Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio)

Um posto de informações para familiares de eventuais vítimas foi instalado na Câmara dos Vereadores, na Cinelândia.

Paes não acredita em explosão

Em entrevista, o prefeito Eduardo Paes confirmou que, além de um prédio de dez andares e outro de 20 andares, um sobrado, que ficava entre as duas construções, acabou atingido pelos destroços. 

Mais cedo, numa entrevista anterior, o prefeito havia comentado sobre as possíveis causas do desmoronamento. "Aparentemente não foi uma explosão, o desabamento aconteceu por um dano estrutural no prédio. Acredito que não tenha sido vazamento de gás", disse o prefeito.

Mapa mostra área do desabamento (Foto: Arte/G1)

De acordo com a empresária Zilene Bernardino, que trabalha no local, o prédio de dez andares fica na Rua Manuel de Carvalho, esquina com Treze de Maio, e o outro na própria Treze de Maio. Um terceiro prédio, de menores proporções, também pode ter desabado, segundo testemunhas.

Uma moradora de um prédio vizinho relatou que três andares de um dos prédios passavam por reforma. "De repente, ouvimos um grande barulho e começou a voar tudo", contou a argentina Devora Galavardo, que mora há seis meses em frente ao prédio que desabou.

 

Nos vídeos ao lado, enviados ao VC no G1, o leitor Elias de Oliveira capturou os momentos de confusão após a queda dos prédios e do sobrado na Treze de Maio. O leitor, que estava em um bar na Cinelândia, começou a filmar quando a poeira baixou.

 

O analista de sistemas Fernando Amaro conta que pelo menos cinco pessoas de sua empresa que participavam de um treinamento estariam dentro de um dos prédios que desabou.

A Light desligou a luz nos arredores para evitar incêndios. Vinte viaturas da polícia foram acionadas para isolar a área.

Em nota oficial, o Theatro Municipal informou que o desabamento do edifício da Avenida Treze de Maio não causou prejuízos ao prédio, nem danos estruturais. A única parte atingida por escombros foi a bilheteria, no prédio anexo. Nenhum funcionário foi atingido.

Desmonoramento no Centro (Foto:  Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo )

Desabamento foi na área aos fundos do Theatro Municipal (Foto: Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo )




Fonte: Do G1 RJ

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