Terapia com luz é testada contra micose
Dois protótipos de aparelhos foram desenvolvidos na USP, cada um com um comprimento de onda específico. Também foram testados dois medicamentos fotossensíveis, para saber qual combinação de luz e remédio tem mais eficácia.
Eles chegaram à conclusão de que a luz azul e um remédio com curcuminoide, derivado do açafrão, tiveram os melhores resultados. A técnica foi patenteada.
O objetivo é fazer parcerias com indústrias para fabricar o aparelho e disponibilizar a terapia de forma acessível.
A explicação para os resultados positivos obtidos até agora é que a combinação de luz e medicamento fotossensível gera espécies reativas de oxigênio que são tóxicas para os fungos.
Os pesquisadores trataram 40 pessoas por seis meses em São Paulo, começaram um novo grupo com outras 40 em São Carlos e devem selecionar ainda mais pessoas em Ribeirão Preto.
Do primeiro grupo, em tratamento há mais tempo, dez conseguiram se livrar da micose, segundo a farmacêutica Ana Paula da Silva, que estuda o tratamento.
"A maioria dos pacientes que tratamos já testou de tudo e os fungos estão resistentes ao remédio. Alguns têm até 30 anos de lesão, e chegam descrentes", conta.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Em pacientes com micose em estágio inicial foram necessárias seis sessões. Em casos mais graves, diz Silva, o problema pode ser eliminado em menos de um ano.
Segundo a farmacêutica, uma vantagem da terapia com luz é que os micro-organismos não criam resistência, ao contrário do tratamento com antifúngicos. "O remédio oral é eficaz, mas pode causar danos no fígado. Pessoas com problemas de imunidade não podem usá-lo."
Ela diz também que a terapia fotodinâmica existente hoje é muito cara. Ainda não há expectativa de preço nem do aparelho nem da sessão, mas a orientadora do projeto, Natalia Mayumi Inada, diz que já é possível afirmar que ele será mais barato do que as máquinas usadas hoje.
Inada lembra que o grupo já desenvolveu um aparelho para tratar câncer de pele que custa R$ 15 mil (o importado vale cerca de R$ 90 mil).
Mas, segundo Ricardo Romiti, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e dermatologista do Hospital das Clínicas da USP, apesar de requerer acompanhamento para monitorar riscos para o fígado, o medicamento via oral é bem tolerado.
"Muitos trabalhos mostram que o tratamento com luz é frustrante porque a radiação não é suficiente para matar os fungos."
Romiti diz que soluções líquidas ou esmaltes medicinais só funcionam em micose superficial ou inicial.
O dermatologista afirma que o tratamento convencional é mesmo demorado -leva de três a seis meses. Se a micose estiver embaixo da unha ou começar na raiz dela, a cura é ainda mais difícil.
"É frequente a pessoa se curar e depois se contaminar de novo. Ou achar que está bem e interromper a terapia."
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