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Internacional
Domingo - 29 de Janeiro de 2012 às 23:18

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Em plena campanha à reeleição, o presidente Barack Obama fez do terceiro discurso sobre o Estado da União proferido em seu governo, na noite de terça-feira (24), uma oportunidade para marcar o tom da disputa contra os republicanos.

De olho na principal preocupação dos eleitores, a economia, Obama relembrou os recentes sinais de recuperação registrados nos Estados Unidos, com uma leve queda no desemprego, e apresentou sua visão de combate à desigualdade e defesa da classe média.

Muitos dos temas já haviam sido abordados no discurso do ano passado e em outros pronunciamentos anteriores mas, segundo analistas políticos americanos, o tom do presidente está mais desafiador.

"Uma prévia do que vai soar enquanto busca um segundo mandato em novembro", escreveu o analista Chris Cillizza, do jornal "The Washington Post".

Momento em que tradicionalmente os presidentes americanos fazem um balanço das conquistas do ano que passou e apresentam suas propostas para os próximos doze meses, o discurso do Estado da União é transmitido ao vivo pela TV e assistido por milhares de americanos.

Diante dessa oportunidade de falar a milhares de eleitores --e de um Congresso cada vez mais dividido--, Obama fez questão de ressaltar as diferenças entre seu governo e a oposição republicana.
O apelo por união ainda esteve presente, mas o presidente avisou que vai continuar a adotar medidas para ajudar a economia "com ou sem o Congresso".

IMPOSTOS

Um dos pontos de atrito entre Obama e os republicanos é a questão dos impostos, retomada pelo presidente em um momento em que o assunto voltou a ganhar destaque na campanha eleitoral.

Nos últimos dias, republicano Mitt Romney, que lidera as pesquisas para ser o indicado de seu partido para concorrer contra Obama na votação de 6 de novembro, viu-se envolvido em uma polêmica sobre sua declaração de impostos.

Milionário, Romney admitiu que paga taxa de apenas 15%, bem menos do que a classe média americana.

No discurso, Obama voltou a defender a prorrogação de cortes de impostos na folha de pagamento que beneficiam a classe média e o fim de cortes para milionários.

O presidente usou como exemplo a secretária do magnata Warren Buffet, que estava na plateia e paga uma taxa de impostos mais alta que a do patrão. O próprio Buffet defende a mudança.

"Vocês podem chamar isso de guerra de classes o quanto quiserem", disse Obama, referindo-se a uma crítica comum feita pelos republicanos, que são contra o fim dos cortes.

"Mas pedir a um bilionário que pague pelo menos o mesmo que sua secretária em impostos? A maioria dos americanos vai chamar isso de bom senso."

CONVIDADO BRASILEIRO

Entre os convidados para assistir ao discurso no camarote da primeira-dama, Michelle Obama, estava o brasileiro Mike Krieger, que ilustra dois dos pontos abordados pelo presidente: inovação e imigração.

Nascido em São Paulo, Krieger é cofundador do Instagram, um aplicativo de compartilhamento de fotos que, segundo a Casa Branca, é o que mais cresce nos Estados Unidos, com mais de 15 milhões de usuários registrados.

De acordo com uma minibiografia distribuída pelo governo americano, Krieger mudou-se para a Califórnia em 2004, onde estudou na Universidade de Stanford, e depois de formado trabalhou com seu visto de estudante, até receber o visto para trabalhadores especializados. Agora, espera por um Green Card, para poder ficar nos EUA permanentemente.

Apesar de não citar diretamente Krieger no discurso, Obama defendeu leis que permitam regularizar a situação de imigrantes que, assim como o brasileiro, chegam aos EUA para estudar e, após receber o diploma, muitas vezes pela dificuldade de conseguir ficar no país permanentemente, acabam voltando para casa "para inventar novos produtos e criar novos empregos em algum outro lugar".

Medidas para facilitar a permanência de estrangeiros altamente qualificados são uma preocupação do governo americano. Há, ainda, a questão dos cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais no país, entre eles muitos levados aos EUA ainda crianças, mas sem perspectiva de regularizar sua situação.

Em seu discurso, o presidente admitiu que, em um ano eleitoral, o Congresso dificilmente irá aprovar uma reforma ampla das leis de imigração - promessa de campanha não cumprida por ele.

No entanto, pediu "pelo menos um acordo para parar de expulsar jovens responsáveis que querem trabalhar em nossos laboratórios, começar novos negócios e defender esse país".

"Me enviem uma lei que dê a eles a oportunidade de conquistar sua cidadania. Eu assino imediatamente", disse. 






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