Os gêmeos siameses que nasceram unidos no município de Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá, retornaram para casa após passarem dois meses em observação no Hospital das Clínicas, em São Paulo, para avaliações médicas. A família das crianças unidas pelo abdômen vive a expectativa de saber se elas vão ter condições de se submeterem a cirurgia de separação. Os irmãos Cristopher Henrique e Nicolas Samuel pesam sete quilos e completaram dois meses de vida no último dia 2.
Além de viver a expectativa da cirurgia, os pais vivem o desafio de manter as despesas e os custos com a viagem que vão ter que fazer no próximo mês, novamente a capital paulista. A dificuldade vem do fato de a família contar apenas com o salário de frentista do pai das crianças como única fonte de sustento da casa.
A viagem já faz parte da rotina da família e é necessária para o acompanhamento da saúde dos bebês. No próximo dia 24, data em que a família embarca novamente, o propósito é avaliar o risco do procedimento cirúrgico de separação dos siameses. Para isso, a família terá de ficar 10 dias em São Paulo.
União
Os bebês são unidos da cintura para baixo, têm braços independentes, mas possuem apenas duas pernas. Apesar de o tratamento ser oferecido gratuitamente em um hospital universitário em São Paulo, os pais não têm condições financeiras de se manter. Em entrevista à reportagem, o pai dos gêmeos afirmou que o seu salário é de R$ 800. “Por enquanto nós estamos dependendo de ajuda da população, que têm contribuído bastante” afirmou Celso Henrique dos Santos.
A deficiência foi descoberta durante os três meses de gravidez da mãe das crianças. Quando foi identificado que os bebês estavam sendo formados juntos, a família que morava em Juara, a 690 quilômetros da capital, resolveu se mudar para Primavera do Leste. “Lá em Juara não tinha médico que pudesse acompanhar a gravidez. Então, viemos para Primavera, mas os médicos daqui encaminharam a minha mulher para São Paulo”, afirmou Celso, ao falar sobre a complexidade do caso.
O principal risco apontado pelos médicos é o comprometimento dos órgãos. “Quando eles nasceram, a primeira coisa que os médicos falaram é que os bebês têm mais chance de vida juntos do que separados. Separando posso perdê-los e eu opto por não separar”, declarou a mãe dos bebês, Lorraine da Silva Monteiro, de 15 anos.
O pai das crianças também alega que seus filhos têm o direito de receber o auxílio financeiro do Ministério da Sáude, o TFD (Tratamento Fora do Domicílio), que garante o pagamento de valores da viagem, alimentação e estadia da família, quando o tratamento não é oferecido dentro do estado.
A secretária de Promoção Social do município, Marivete Pasquone, afirmou que apesar de não estar ao alcance da pasta irá oferecer os auxílios necessários, além de providenciar a inclusão da família no TSD. “É uma situação bastante séria e o tratamento dessas crianças será prolongado”, ressaltou Pasquone.
Já a assessoria de imprensa da secretaria estadual de Trabalho e Promoção Social informou que o caso será analisado para a aprovação ou não da liberação do recurso.
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