Pai da menor internada na UTI diz que família do motorista não foi solidária
Depoimentos revelam mais sobre grave acidente em Cuiabá
Na última semana, o delegado Wilson Leite, da Polícia Civil, começou a tomar o depoimento dos envolvidos - além de testemunhas e familiares - no grave acidente ocorrido na madrugada do último dia 27 de janeiro, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá.
Nele, o menor A.C.F.F., de 17 anos, dirigia o veículo Agile, placa NUF-1919. Ele é filho do ex-secretário de Estado Alexandre Furlan e da promotora de Justiça Márcia Furlan.
O médico Osvaldo César Pinto Mendes, pai de menor B.B.P.M, de 17 anos, que ainda está em coma na UTI do Hospital Santa Rosa, disse em depoimento à polícia que até agora está arcando com todos os custos de atendimento à jovem.
Osvaldo disse que em nenhum momento a família do menor condutor do veículo se ofereceu a ajudar no tratamento e que não teve nenhum contato com os pais dele.
"Nem foram solidários", relatou o médico em seu depoimento. A menor, que estava no banco da frente, ficou presa às ferragens do carro e sofreu traumatismo crânio-encefálico e contusão pulmonar.
"Ela não tem nenhum tipo de comunicação. Segundo os médicos o caso é reversível, mas sem nenhum prazo de tempo", relatou.
O depoimento do pai da menor foi um dos sete (um deles informalmente) já tomados pela polícia desde a última quarta-feira (8).
Também já foram ouvidos o menor condutor do veículo e o pai dele.
Na próxima segunda-feira (13) o delegado Wilson Leite irá ouvir mais duas testemunhas. Entre as testemunhas que faltam ser ouvidas está o segurança do posto de combustível que presenciou o acidente.
Mãe repreendeu filha
A servidora pública Stella Maris Raun Mendes Pimenta, mãe da menor, disse em depoimento à polícia que repreendeu a filha ao saber que ela iria sair para a festa que seria realizada no próprio condomínio Florais, onde reside, num carro dirigido por um menor.
Foi a primeira vez que ela viu o jovem chegar de carro. Ela contou que chegou a repreender a filha, mas a menor disse que o rapaz iria dirigir "apenas dentro do condomínio". Stella disse ainda que soube por terceiros que o menor "já foi para a escola dirigindo o carro da mãe".
Stella contou também que a filha e o menor A.C.F.F estavam namorando há dois meses.
Ele chegou de carro à casa da namorada para levá-la à festa, por volta das 21 horas. A menor retornou da festa realizado no quiosque do condomínio à 1 hora, conforme tinha prometido, pois a mãe tinha uma viagem marcada e ia ao aeroporto. A menor pediu R$ 10 para comprar um lanche.
Menor diz que não corria
Em seu depoimento, o menor A.C.F.F., que dirigia o carro, declarou que o pai estava viajando e sua mãe não viu que ele havia pego o carro. O menor disse para sua mãe que iria para a festa de carona, mas "que resolveu pegar o carro para ir à festa porque não queria ir de carona por ser mais cômodo ir de carro".
Ele contou que saiu da festa no Condomínio Florais por volta das 2h30, acompanhado pela menor B.B.P.M, a amiga Alice Carolina Bello, 18 anos, e mais um amigo, que acabou desembarcando antes do acidente.
Em seguida foram comer um "baguncinha". Depois de comerem o lanche seguiram pela Avenida Miguel Sutil (sentido viaduto da Rodoviária / Avenida do CPA) onde, próximo ao Supermercado Modelo, perdeu a direção do veículo vindo a colidir com uma árvore.
O impacto foi lateral e arrancou a árvore. Ele disse que havia chovido muito antes e que trafegava entre 60 e 70 km por hora - e que o acidente aconteceu porque tentou desviar de uma poça de água e perdeu o controle do veículo.
O menor negou que tivesse ingerido bebida alcoólica. A jovem Alice, que estava no banco de trás do carro, sem cinto de segurança, foi jogada para fora do carro.
Ela teve fraturas múltiplas, foi internada na UTI, mas já se recupera em um quarto do Hospital Santa Rosa. O condutor do carro teve escoriações leves e não precisou ser internado.
Pai: "Ele não tem costume de dirigir"
Em seu depoimento, o pai do menor, o ex-secretário de Estado Alexandre Furlan, disse que chegou de viagem de Porto Alegre por volta das 23h45 e que não sabia que o seu filho tinha ido para uma festa.
"Ele não tem o costume de dirigir", declarou, informando, ainda, que sua esposa também não tinha conhecimento que o filho havia pego o carro.
Dois investigadores da polícia que foram ao local também prestaram depoimentos. Eles confirmaram que existia uma poça de água próxima ao canteiro central e também disseram que o menor não apresentava sinas de embriaguês - e acreditam que o condutor perdeu mesmo o controle do veiculo.
Tipificação
Após ouvir todas as testemunhas, o delegado Wilson Leite irá definir a tipificação do ato infracional. O caso será enviado, posteriormente, à Promotoria da Infância e Juventude, que decidirá se cabe ou não abrir processo.
Se o processo for aberto, o garoto será encaminhado ao Juizado da Infância e Juventude, onde cabe ao juiz absolver ou atribuir ao caso uma sentença.
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