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Segunda - 13 de Fevereiro de 2012 às 11:20

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Mãe de Eloá chega a fórum (Foto: Kleber Tomaz/G1)

Mãe de Eloá chega a fórum (Foto: Kleber Tomaz/G1)

Bastante aplaudida e saudada pelo público com gritos de “Justiça”, Ana Cristina Pimentel, a mãe da garota Eloá Pimentel, chegou ao Fórum de Santo André, no ABC, por volta das 9h30 desta segunda-feira (13). Emocionada, ela disse não ter ódio de Lindemberg Alves, acusado de matar a filha em 2008.

“Não tenho ódio e nem raiva [de Lindemberg Alves]. Mas não o perdoo”, afirmou.

Ana Cristina disse que busca por justiça no julgamento que começa nesta segunda e deve demorar cerca de três dias. Ela afirmou que os dias que antecederam o julgamento foram difíceis. Ana Cristina afirmou que não tem comido direito e está bastante nervosa e emocionada.

O julgamento, marcado para as 9h, começou atrasado, segundo o advogado José Beraldo, assistente de acusação, porque, segundo ele, houve uma divergência entre Ministério Público e a defesa do réu. Segundo ele, algumas testemunhas não chegaram ao júri – elas não moram na comarca de Santo André e não têm obrigação de comparecer. A advogada de Lindemberg sugeriu então que a mãe de Eloá substituísse uma delas – entretanto, Ana Cristina está muito abalada e o Ministério Público não concordou com a substituição.

Lindemberg chegou por volta das 8h10 desta segunda ao fórum. Ele saiu pouco antes das 6h30 da Penitenciária II de Tremembé, no interior de São Paulo. A advogada dele disse que seu cliente falará pela primeira vez sobre o caso no julgamento. O acusado se manteve em silêncio em todas as vezes que foi chamado a prestar depoimento. No julgamento, ele também poderia ficar calado.

Nayara Rodrigues chega a fórum para julgamento de Lindemberg (Foto: Nelson Antoine/AE)

Nayara Rodrigues chega a fórum para julgamento
de Lindemberg (Foto: Nelson Antoine/AE)

Em seguida, também chegaram ao fórum Nayara Rodrigues, amiga de Eloá que foi baleada durante o episódio e será testemunha de acusação; e Iago Vilera, que foi mantido refém por Lindemberg.

Relembre o caso
Conforme denúncia do Ministério Público, movido por ciúmes de Eloá porque a ex não queria mais reatar o romance de três anos, o então auxiliar de produção Lindemberg, com 22 anos na época, invadiu armado o apartamento em que a estudante morava com os pais em Santo Andréx no dia 13 de outubro de 2008. Lá, manteve Eloá e outros três colegas de escola dela como reféns - Nayara, Iago e Victor Campos.

Durante as negociações iniciais, segundo o MP, Lindemberg atirou contra um sargento. Com a chegada do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM, que assumiu as conversas, os dois meninos foram libertados.

Nayara também chegou a ser solta em troca do religamento de fornecimento de água e da energia elétrica do apartamento. Mas a adolescente, que estava com 15 anos na época, retornou ao imóvel dias depois por decisão da PM, que atendeu a exigência do sequestrador: ele havia combinado que só iria se entregar e libertar Eloá se Nayara fosse até a porta da residência para que eles saíssem todos juntos.

Isso, no entanto, não ocorreu. Lindemberg ordenou que Eloá puxasse Nayara para dentro do apartamento e voltou a manter as amigas como reféns. Entendendo que não havia mais avanço nas negociações para o fim do sequestro, o Gate decidiu invadir o apartamento no dia 17 de outubro de 2008. Na ação, policiais arrombaram a porta, mas demoraram para entrar porque ela estava bloqueada por um sofá.

Durante a confusão, Lindemberg atirou em direção à cabeça de Eloá e de Nayara. Eloá foi atingida por dois disparos e teve morte cerebral no dia 18 de outubro. Alguns dos órgãos de Eloá foram doados. Nayara foi baleada no rosto, mas sobreviveu.

Julgamento
Lindemberg responde por doze crimes. Além da morte de Eloá, são duas tentativas de homicídio (contra Nayara e o sargento Atos Antonio Valeriano, que escapou do tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor, Iago e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro) praticados entre os dias 13 e 17 de outubro de 2008 dentro do apartamento onde Eloá morava, no segundo andar de um bloco da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Jardim Santo André.

Segundo o Ministério Público, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos.

O julgamento de Lindemberg deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Ao todo, foram arroladas 19 testemunhas para prestarem depoimentos, que poderão ser gravados pela Justiça. Pela lei, as testemunhas que moram fora de Santo André não precisam comparecer.

Depois será feito o interrogatório de Lindemberg. Sete jurados vão votar secretamente e decidir se o acusado é culpado ou inocente. Em seguida, a juíza Milena Dias, que presidirá o júri, contará os votos e dará a sentença de condenação ou absolvição do réu.

Mais de 180 pessoas deverão assistir ao júri na plateia, entre parentes do réu, familiares das vítimas, público interessado que adquiriu senhas, membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), estudantes de direito, magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e jornalistas (serão cerca de 50 profissionais).

No presídio de Tremembé, que fica a cerca de 140 km da capital, Lindemberg atualmente trabalha para uma fábrica que produz peças para boxes de banheiro. Ele participa de grupos de oração e costuma ler bastante.

Arte: Julgamento Caso Eloá (Foto: Arte G1) 




Fonte: Do G1 SP

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