Criança com cabeça assimétrica pode ser tratada com capacete
Que cabeça de bebê é molinha e requer cuidados todo mundo sabe. E, por causa dessa maleabilidade, ela pode ficar "torta" ou achatada. O que poucos conhecem são os tratamentos.
O primeiro passo é diferenciar a assimetria benigna, mais estética do que funcional, de uma doença grave.
A primeira, chamada plagiocefalia posicional, é causada por apoios viciados (quando a criança apoia a cabeça sempre do mesmo lado) ou pela posição intrauterina.
Já a cranioestenose é um problema congênito que ocorre quando as suturas do crânio se fecham precocemente. Pode levar a um retardo grave do desenvolvimento neuropsicomotor da criança e requer de cirurgia.
Muitas crianças nascem com uma certa deformidade na cabeça, mas a maioria se "cura" sozinha. Algumas, porém, permanecem com o problema ou até pioram com o passar do tempo.
As primeiras medidas para corrigir a plagiocefalia incluem mudanças de posicionamento.
Mas, quando essas ações não surtem efeito, o tratamento com um tipo de capacete parece ser benéfico, segundo estudo publicado na revista "Pediatrics".
A órtese é recomendada entre quatro e 12 meses de idade e usada de três a cinco meses. Ela já existe há alguns anos nos EUA e em alguns países da Europa.
Mas, no Brasil, o tratamento existe há apenas um ano. A clínica que oferece a órtese, de São Paulo, já atendeu cerca de cem pacientes de diversos Estados e até do Chile.
Gerd Schreen, médico cardiovascular, abriu a Cranial Care após ele mesmo ter enfrentado o problema em casa. Sua filha teve plagiocefalia posicional e ele teve de recorrer a uma clínica nos EUA.
A órtese é feita com material plástico leve, confeccionado de forma personalizada a partir do escaneamento do crânio do bebê. Segundo Schreen, o capacete não aplica pressão no crânio e deixa espaço para ele crescer onde está achatado.
O tratamento completo custa cerca de R$ 10 mil.
Segundo Koshiro Nishikumi, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, o uso do capacete mostrou uma resultado melhor em relação às outras medidas em estudos, mas a diferença não foi grande o suficiente para dizer que o método é melhor.
"Para quem tem condições financeiras, pode ser uma medida, mas, muitas vezes, as deformidades se resolvem espontaneamente. Não é algo que deva preocupar todo mundo", afirma.
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