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Política
Sábado - 21 de Abril de 2012 às 14:39

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O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) são apontados como padrinhos de negócios do esquema que levou 28 pessoas à prisão durante a operação Lee Oswald, deflagrada nesta semana no Espírito Santo pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União, Tribunal de Justiça e Ministério Público.

A organização criminosa da cidade de Presidente Kennedy (ES) é responsável por supostas fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de verbas, além de pagamentos indevidos em contratos de serviços e compra de materiais no Espírito Santo.

Ao todo, estima-se que tenham sido desviados pelo menos R$ 50 milhões do município, que é líder em recebimento de royalties de petróleo no Estado, mas tem um dos piores índices de desenvolvimento humano entre as cidades capixabas (é a 74ª de 78). O prefeito Reginaldo Quinta (PTB) está entre os presos.

De acordo com a sentença do TJ-ES (Tribunal de Justiça do Espírito Santo), datada de terça-feira (17), membros do grupo tinham contato com políticos do cenário nacional. "Há a descrição, na representação ofertada pelo Departamento de Polícia Federal, de diversas viagens feitas por alguns de seus membros a municípios de outros Estados e encontros em lugares públicos, como aeroportos, com personalidades públicas do mundo político nacional. Surgiram, neste sentido, notícias de contato com o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e do PT Delúbio Soares", diz o documento.

Segundo a denúncia do Ministério Público do ES, Jefferson, do mesmo partido de Quinta, é padrinho de negócios do esquema e ajudou a levá-lo para outros Estados brasileiros. Já a participação de Delúbio Soares teria começado após intermédio do deputado estadual de Goiás, Mizael Oliveira (PDT).

Ainda de acordo com a denúncia, Delúbio ajudou uma das empresas envolvidas no esquema, a Matrix Sistemas e Tecnologia, de Jurandy Nogueira Junior (preso na operação), a se instalar em Goiás. Como a Folha antecipou na coluna Painel deste sábado, o dono da empresa e Soares se encontraram no início do ano, no Rio.

Segundo Jurandy, o petista prometeu ajudá-lo a negociar projetos de implantação da lousa digital (ramo de atuação da empresa) driblando licitações. "É muito difícil, mas vou mexer porque um pedido do meu deputado é praticamente uma ordem", teria respondido Delúbio Soares, segundo Jurandy, em referência ao deputado Mizael Oliveira.

Segundo a denúncia da Promotoria, a relação de Mizael com Jurandy começou com o relacionamento amoroso do filho de Jurandy com a filha do vice-prefeito da cidade de Minaçu (GO), Sivaldo Pereira Nunes. O sogro do filho do dono da Matrix teria o apresentado a Mizael --que fez a ponte com Delúbio.

Ainda de acordo com o Ministério Público, a Matrix, que começou em 1998 como varejista de calçados e roupas, desenvolve programas de computador e atua na área de tecnologia desde 2009, quando passou a ser de Jurandy e de seu filho Rômulo Pegoretti Nogueira. De acordo com as investigações, a sede da empresa, em Cachoeiro do Itapemirim, fica em um terreno baldio.

"Além da falsidade ideológica na montagem da empresa, há outro dado importante que envolve a contratação da empresa Matrix: a ausência de capacidade técnica para execução dos serviços contratados pela prefeitura de Presidente Kennedy", diz o relatório da Promotoria. Há ainda uma parceria com a Skill Blocks, do Rio de Janeiro, que além de participar de fraudes em licitações junto com a Matrix emitiu um documento falso de capacidade técnica para a empresa capixaba.

Enquanto isso, a cidade de Presidente Kennedy segue sem comando. Depois da prisão do prefeito e do afastamento de quatro vereadores envolvidos no esquema, todos da mesa diretora da Câmara Municipal, na quinta-feira, o vice-prefeito assumiu e teve de deixar o cargo na sexta após uma decisão da Justiça. Ele perdeu o mandato porque não mora na cidade.






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