Conforme registro da ocorrência na Polícia Civil, no dia 19 de abril, o suspeito foi até a casa da mulher e os dois discutiram. Segundo a delegada Rozely Molina, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), a menina de 12 anos chegou a dizer para o pai que ele não poderia entrar na casa. O alerta referia-se a uma medida protetiva expedida no dia 8 de abril, depois que a manicure registrou boletim de ocorrência por ter sido ameaçada pelo marido.
De acordo com a polícia, o marido já estava sendo considerado foragido quando recebeu a ligação da atendente de telemarketing, no mesmo dia. Na gravação, ele diz que vai se entregar, pois “está dando maior rolo”. A funcionária da empresa não acredita na confissão, mas ele insiste; “sério, vou mentir isso para quê?”.
Antes de se entregar, segundo a polícia, o suspeito também havia confessado o crime para um primo e disse que iria se matar. No encontro com essa testemunha, ele foi preso por policiais militares. A delegada diz que a gravação serve como mais um elemento de confissão, pois reafirma o que já consta no inquérito.
Para a investigação, segundo Rozely, é uma forma de assegurar que ele não mude a versão, dizendo que foi forçado a confessar o crime. O homem está detido na 4º Delegacia de Polícia.
A delegada conta que a gravação foi entregue ao Instituto de Criminalística, mas a polícia não tem dúvidas de que a voz é do suspeito. “Ele mostra uma frieza, porque acabou de cometer um crime e relatou os fatos com tamanha crueldade”, disse a delegada. No dia que foi preso, ele disse ao G1 que estava arrependido.
Rozely diz que ele será indiciado por homicídio doloso, mas ainda não definiu as qualificadoras a serem utilizadas (motivo torpe, sem chance de defesa ou emprego de meio cruel). A polícia ainda irá interrogar algumas testemunhas e procura pelo canivete usado para matar a mulher Somente o cabo foi encontrado na casa.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB-MS), Leonardo Duarte, a gravação pode ser usada pela acusação, conforme o entendimento do promotor que futuramente será responsável pelo caso. Segundo Duarte, a confissão para a atendente não deve influenciar na qualificação do crime, mas não deixa dúvidas da autoria do homicídio. Veja o diálogo:
Suspeito - Acho que não vai dar para falar com você agora.
Atendente - Não vai dar seu ...?
Suspeito - Não, acabei de fazer uma cagadinha aqui... acabei de matar minha esposa.
Atendente - Oi?
Suspeito - Acabei de matar minha esposa e está dando o maior rolo. Acho que eu vou até me entregar agora.
Atendente - Ah é, até parece.
Suspeito - Estou falando sério mesmo, não estou brincando não.
Atendente - Sério? Eu não acredito...
Suspeito - Dei 4 ou 5 facadas, parece. Sério. Eu vou mentir isso para quê? Acabou de falecer agora, ela. Eu estou indo para a fazenda.
Suspeito - Ela morreu lá no Nova Lima, com 5 facadas.
Atendente - Por que?
Suspeito - É briga de marido e mulher.
Atendente - Sério?
Suspeito - Por isso que eu mudei de endereço. Eu ia mudar para cá, aí não deu mais certo. A gente começou a brigar e aconteceu isso. Tchau.
Atendente - Tá bom então seu..., obrigada.
Comentários