Líder consegue impedir convocação de procurador-geral em CPI
O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), impediu nesta quarta-feira (25) a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na CPI do caso Cachoeira. O pedido de convocação foi apresentado pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para que Gurgel explicasse à comissão as investigações da procuradoria nas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.
Tatto pediu que a comissão não aprovasse a convocação de Gurgel neste momento. Apesar da insatisfação de parte do PT com o procurador, o líder disse que a CPI deve primeiro solicitar a íntegra das operações à Procuradoria-Geral da República e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O senador Cândido Vaccarezza (PT-SP) aproveitou para alfinetar os trabalhos de Gurgel. "A Operação Vegas há dois anos dormia na Procuradoria-Geral da República. Não chegou ao Supremo", disse.
Mesmo com a blindagem de Tatto, parte do PT deseja transformar o procurador em alvo da CPI. O objetivo é cobrar explicações sobre o fato de ele não ter começado a investigar políticos ligados ao empresário Carlinhos Cachoeira três anos atrás.
O PT avalia que Gurgel segurou a investigação desde 2009, o que teria beneficiado os suspeitos na Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro. Naquele ano, estava em curso a Operação Vegas, da PF, que precedeu e baseou a Monte Carlo. Ela também investigava Cachoeira e resvalou em suas ligações com políticos com foro privilegiado.
Petistas enxergam na suposta omissão uma oportunidade de constranger e desgastar o procurador num momento-chave: o julgamento do processo do mensalão, previsto para este ano. No plenário do Supremo, caberá a Gurgel sustentar as alegações da acusação contra os réus do mensalão.
INQUÉRITOS
Com o apoio integral dos seus integrantes, a CPI aprovou requerimento para pedir a íntegra dos inquéritos das Operações Vegas e Monte Carlo à PGR e ao STF. O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que os inquéritos são o "ponto de partido" para os trabalhos da comissão.
A CPI apura as informações levantadas nas duas operações que desmontaram um esquema ilegal de jogos no país, assim como a ligação do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. Cachoeira é suspeito de comandar o esquema de exploração de jogos ilegais.
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