No diálogo, Cachoeira fala em uma quantia de cerca de R$ 1 milhão reservada a "Demóstenes", numa referência ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). O parlamentar responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal em razão do envolvimento com o bicheiro e, pela mesma razão, é investigado no Conselho de Ética do Senado, que apura se houve quebra de decoro por parte do senador.
A conversa foi gravada, com autorização judicial, pela Polícia Federal. Em fevereiro, a PF prendeu Cachoeira, no âmbito da Operação Monte Carlo, que desarticulou um suposto esquema de jogo ilegal comandado pelo bicheiro em Goiás.
- Geovani: Porque eu to devendo pra ele aqui, 1 milhão e oitenta e seis. E, na verdade eu só tenho os oitenta e seis.
- Carlinhos Cachoeira: Esse um é o do Demóstenes, uai!
- Geovani: Não, moço! Cê não lembra que naquela época lá em outubro tava dois e cem. Aí nós lançamos um dele, deu baixa aqui.
- Cachoeira: Peraí, eu só tinha um na pendência que eu joguei pro Demóstenes. Que um que é esse?
- Geovani: Uai, eu tenho que mostrar aqui no caderno pra você ver, ué.
- Cachoeira: Cadê o trem? Leva lá em casa agora, vamos ver.
O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse que não vai comentar gravações pontuais até que o Supremo Tribunal Federal (STF) se pronuncie sobre a legalidade das provas apresentadas contra o senador.
Tramita no Supremo ação de Demóstenes para declarar as gravações ilegais, sob o argumento de que deveriam ter sido autorizadas pelo próprio STF, já que o senador tem foro privilegiado.
No documento que contém a defesa prévia do senador, entregue no último dia 25 ao Conselho de Ética, o advogado argumenta que as gravações da PF podem ter sido adulteradas.
No próximo dia 3, o Conselho de Ética volta a se reunir para leitura e discussão do relatório preliminar sobre o caso Demóstenes, de autoria do senador Humberto Costa (PT-PE). Demóstenes ou o advogado podem comparecer, se quiserem fazer uma defesa oral.
Comentários