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Política
Domingo - 29 de Abril de 2012 às 01:28

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O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro diz que a Polícia Federal produziu provas ilegais contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO, ex-DEM) e o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) nos inquéritos que levaram o empresário Carlos Cachoeira à prisão em fevereiro. Kakay, como o advogado é conhecido, foi contratado para defender Demóstenes e Perillo. Ele afirma que os dois só poderiam ter sido investigados com autorização dos tribunais superiores em que têm foro privilegiado. Apesar de criticar o embasamento do processo que joga suspeitas sobre seus dois clientes, Castro acha difícil o Supremo Tribunal Federal (STF) anular as provas. "Tem que ter independência e coragem para anular um procesimento que há 40 dias você tem um vazamento diário na imprensa." As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo o advogado, ao usar as escutas telefônicas feitas pela PF como elemento para pedir a abertura de investigações contra eles, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu um "presente" à defesa. "Só tem uma única prova produzida, que são as interceptações telefônicas. Isso é o mais grave. A pessoa mais importante do processo constitucional brasileiro é o policial que fica escutando as conversas e aí faz um resuminho e dá interpretações absurdas dos fatos", afirmou o advogado.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.





Fonte: Terra

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