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Política
Domingo - 29 de Abril de 2012 às 04:12

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O inquérito da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, indica que o presidente licenciado da Delta Construções, Fernando Cavendish, tinha conhecimento e estimulava a forma pela qual o ex-diretor Cláudio Abreu conduzia os negócios da empresa na região Centro-Oeste do País. Abreu, demitido pela Delta após a operação, é apontado pela pela PF como integrante do suposto esquema de corrupção comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na última terça-feira, Abreu foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal sob acusação de fraude em licitações. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Na semana passada, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Cavendish afirmou desconhecer o que se passava na área de atuação de Cláudio Abreu. "Não sei o que está acontecendo em Goiás, no Nordeste, no Norte", disse. Grampos da PF que constam do inquérito em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, indicam o contrário. Em meio a uma crise política no Distrito Federal, o diretor da Delta relata a Cachoeira, em telefonema interceptado pela Polícia Federal na noite de 31 de janeiro deste ano, que Cavendish o orientou a ter "cuidado", porque estava sendo visado pela imprensa, mas que ele não deveria "recuar". A empreiteira informou que não vai comentar o grau de conhecimento de Cavendis sobre os negócios da empresa no Centro-Oeste, e se disse vítima de "vazamentos parciais e descontextualizados" da Operação Monte Carlo da PF.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.





Fonte: Terra

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