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Política
Domingo - 29 de Abril de 2012 às 16:29

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O vereador Lúdio Cabral diz, em entrevista ao MídiaNews, que sua candidatura a prefeito de Cuiabá pelo PT será consolidada pelo apoio da maioria dos grupos nos quais se divide o partido. Ele aposta que terá  o apoio de 80% da legenda, nas prévias marcadas para o mês de maio próximo, quando disputará com o colega Jairo Rocha. "O PT sempre foi um partido democrático e discutimos tudo, muito intensamente. Essa postura veio da luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais", afirma.

Ao analisar a gestão do prefeito Chico Galindo (PTB), Lúdio afirma que o atual Governo "é a continuação de um modelo que vem governando a nossa cidade há duas décadas". De 1992 até agora, todos os prefeitos foram eleitos pelo PSDB, com um modelo de gestão que, segundo ele, não conseguiu resolver os problemas estruturais que a cidade tem. "Os prefeitos precisam fazer uma autocritica e pedir para sair. A população quer mudança na forma como a cidade é governada", diz o vereador.

Sobre a Copa do Mundo, Lúdio acha que quem deveria estar decidindo o que vai ser feito na cidade é a própria população de Cuiabá, "mas não é ela quem tomou a decisão de implantar o modal". "A população deveria ter respondido se queria VLT, BRT ou Saúde", observa.

Ele brinca com as polêmicas em relação aos desentendimentos entre a ex-senadora Serys Marly e o ex-deputado federal Carlos Abical. "Se eu for candidato, os dois vão subir comigo no palanque. Um de cada lado", diz.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Mídia News: Como está a situação interna no PT? Foi difícil emplacar seu nome como pré-candidato?

Lúdio Cabral: O PT sempre foi um partido democrático e discutimos tudo, muito intensamente. Essa postura veio da luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais. É nossa essência. Essa diversidade de pensamento é uma marca importante para o PT, no processo de definição de candidatura. Quando me apresentei ao partido e disse que precisávamos participar das eleições em 2012, iniciei diálogo com todos os coletivos e, no começo, eram coletivos minoritários. O PT detêm dois blocos, um em torno do ex-deputado federal Carlos Abicalil, deputado estadual Alexandre César e secretário de Educação, Ságuas Moraes, que fazem parte da “Tendência Nacional Construindo um Novo Brasil”, e eles tomaram a decisão de me apoiar. Há um outro bloco que apoia a ex-senadora Serys Marly, e tive a felicidade de alcançar o apoio da “Militância Socialista”, da ex-vereadora Enelinda Escala, ligada a Serys. Mas a “Articulação de Esquerda” optou por apresentar o Jairo Rocha como pré-candidato também.

Mídia News: Então, haverá prévias. Quando serão realizadas e qual sua expectativa?

Lúdio Cabral: No dia 20 de maio. Já temos a certeza de que teremos candidatura própria. Em 22 de abril, todos os delegados credenciados votaram por isso. O próximo passo, que são as prévias, será o final. Havia a possibilidade de disputar as prévias com a Serys, mas optaram pelo nome do Jairo, que é uma liderança com mais de 20 anos de militância, nunca teve mandato eletivo, mas disputar com ele será positivo e enriquecedor. Se a prévia for como a eleição dos delegados, creio que devo ter o apoio de 80% da legenda.

Mídia News: Sobre coligação com outras legendas. O que o PT está pleiteando? Recentemente, houve uma conversa com o senador Pedro Taques (PDT); Qual o próximo passo?

Lúdio Cabral: O partido logo vai decidir quem o representará na disputa e, depois, terá algumas tarefas. Primeiro, construir um programa de Governo, em diálogo com os movimentos sociais e população, para apresentar uma plataforma alternativa. Outra tarefa é abrir diálogo com os partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff. Abriremos diálogos também com PSB, PDT, PMDB, PR, PC do B, embora alguns desses partidos já tenham pré-candidatos, muitos não tem essa definição oficial. Quem tem o processo mais avançado é o PT, que é o único que já pode dizer à sociedade que apresentará candidato nessas eleições. Nos demais, embora hajam nomes sendo trabalhados, não há definição tomada.

Mídia News: Quando haverá um encontro estadual da legenda?

Lúdio Cabral: Queremos trazer todos que exerceram bons mandatos em cidades do Brasil. Temos esperança de receber o Lula, a Dilma, e é lógico que temos a expectativa de trazer para Cuiabá o maior número de lideranças qualificadas possível, que puderem demonstrar a marca do modo petista de governar. O processo ainda está em construção e, depois das prévias, abriremos essa agenda. Em 10 de junho, haverá um encontro de homologação das candidaturas para vereador, coligação, prefeito e vice.

Mídia News: Como está a articulação para o cargo de vice-prefeito do PT? Há algum nome?

Lúdio Cabral: O vice ideal seria uma mulher, cuiabana, e que tenha identidade e qualificação para representar a cidade, mas há uma agenda longa de debates. Pode ser alguém do PT ou do arco de alianças.

Mídia News: Como o senhor avalia as declarações do prefeito Chico Galindo (PDT), quando ele afirma que as decisões, consideradas impopulares tomadas por ele, foram necessárias para que Cuiabá evoluísse em alguns setores?

Lúdio Cabral: O atual Governo é continuação de um modelo que vem governando a nossa cidade há duas décadas. De 1992 até agora, todos os prefeitos foram eleitos pelo PSDB, com um modelo de gestão que não conseguiu resolver os problemas estruturais que a cidade tem. Cuiabá cresceu desordenadamente, sem planejamento. Esses governos não tiveram capacidade. Nos últimos anos, por conta do próprio fracasso do PSDB, fortaleceu-se essa ideia de que é preciso vender “tudo” para que as coisas comecem a funcionar. Os prefeitos precisam fazer uma autocritica e pedir para sair. A população quer mudança na forma como a cidade é governada. Eles sempre fazem isso: a seis meses da eleição investem em propaganda para passar uma aparência de que a cidade, agora vai, começar a funcionar. Sempre em época de campanha eleitoral, com muita divulgação, gastando exageradamente os recursos públicos, buscando criar na população a sensação de que agora está tudo melhorando. Essa estratégia de “maquiagem” fez com que o partido ganhasse a eleição em 2008. Só que, agora, creio que será diferente: a população não vai cometer o mesmo erro.

Mídia News: Sobre a Saúde do município. O senhor é médico, como avalia o sistema?

Lúdio Cabral: Não tem situação mais dolorosa do que pais precisarem de atendimento médico e não terem aonde ir. Enquanto não resolver isso, não dá para dizer que a cidade está bem administrada. Estamos na vigência de uma epidemia de dengue sem precedentes em Cuiabá. A cidade abandonada, suja, mal cuidada e a população sofrendo na fila das policlínicas, sem conseguir atendimento médico a contento, por conta desse modelo privatizante. Agora, com propaganda e essas estratégias de suposto asfaltamento de bairros, ele (prefeito) quer dizer que as coisas estão começando a funcionar. Isso sempre acontece em vésperas de eleição. Temos um pedaço da cidade que já poderia estar urbanizada, se a prefeitura não tivesse deixado de lado os recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Jardim Vitória, Jardim Florianópolis e Jardim União são bairros carentes, sem infraestrutura, sem esgoto e poderiam estar com tudo regularizado com os recursos do PAC, que estão disponíveis desde 2007. Agora, a seis meses da eleição, diz que vai fazer?... Nós perdemos mais de R$ 300 milhões de recursos, que já estavam na conta da Caixa Econômica à disposição do município. O prefeito abriu mão desse montante para tirar foto ao lado de uma empresa privada com um cheque de R$ 35 milhões. Trocou R$ 300 milhões por R$ 35 milhões e ainda entregou o patrimônio público para essa empresa administrar e ganhar dinheiro por 30 anos.

Mídia News: Como o senhor avalia o transporte coletivo e a implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT)?

Lúdio Cabral: A população ficou refém dessa visão privatizante dos serviços públicos. O transporte coletivo é um direito da cidadania, mas está submetido à ganância dos empresários do setor, que chegaram ao ponto de retirar os cobradores dos ônibus, criando uma situação de muita dificuldade para a população, que já sofre muito como usuária do transporte coletivo. A Copa do Mundo aqui é uma oportunidade. A administração municipal está totalmente omissa no debate do que está sendo realizado. Quem deveria estar decidindo o que vai ser feito na cidade é a própria Cuiabá, mas não é ela quem tomou a decisão de implantar o modal. A população deveria ter respondido se queria VLT, BRT ou Saúde. Se queriam um mega-estádio ou esgoto coletado, água tratada e pavimentação. Tem que conciliar o que é necessário para realização do evento e o que é necessário para a qualidade de vida da população.

Voltando ao VLT... A impressão que tenho é de que estão enquadrando a vida da cidade para receber uma proposta engessada de transporte. Na minha opinião, o modal tinha que ser circular no entorno da cidade e não cortar apenas duas avenidas. Isso vai piorar o trânsito, porque vão continuar existindo ônibus, microônibus, bicicletas, motos, veículos e pedestres. A lógica é identificar a dinâmica da cidade e saber qual o melhor traçado para o VLT. Será que ele cortando duas linhas, uma que vai do Aeroporto ao CPA I, e outra do trevo do Tijucal ao Morro da Luz, será útil à população?

Mídia News: A Câmara aprovou o arquivamento da CPI que investigava um rombo de R$ 1,1 milhão na última reforma da Casa. O vereador Deucimar Silva foi inocentado. Como avalia isso?

Lúdio Cabral: A Câmara assou uma “pizza” gigantesca com esse arquivamento. Já era um relatório com lacunas, mas ele não poderia ser rasgado, como o foi pelo Plenário. Não houve perda de prazo, eles cumpriram os prazos na íntegra. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) teve o entendimento de que a CPI perdeu o prazo, mas os vereadores poderiam ter derrubado essa decisão. O problema é que a maioria dos vereadores optou pelo arquivamento. É por isso que eu usei essa expressão de que a Casa assou uma pizza gigantesca, e falo isso porque, quanto mais aprofundado fosse o processo de investigação, melhor para a Câmara e melhor para aqueles que estão envolvidos. O que deveria ter sido votado era a abertura de uma Comissão Processante para apurar a responsabilidade do vereador Deucimar Silva nas irregularidades, para, ao final, o processo dizer se ele teve culpa, ou não. Ao final, caso tivesse culpa, propor a cassação do seu mandato. Esse argumento técnico de que a CPI perdeu o prazo foi frágil é inconsistente, mas fez com que os vereadores tomassem uma decisão política de assar essa “pizza”. Agora, cabe a população julgar.





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