Cachoeira agiu para proteger senador Demóstenes do então diretor-geral do DNIT
Grampo da PF revela que assessor de Pagot recebeu propina
Reportagem da edição deste domingo (29), da Folha de S. Paulo, com base em grampo telefônico feito pela Polícia Federal, dentro da Operação Monte Carlo, revela que o grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira pagou R$ 24 mil, em abril de 2011, a um assessor do então diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot.
O grupo do bicheiro, segundo a informação, pediu a intervenção de um aliado de Pagot, Acácio Rozendo, para acalmá-lo e evitar que ele atacasse o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), em depoimento no Senado.
Pagot fora convocado a dar esclarecimentos na Comissão de Infraestrutura sobre denúncias de superfaturamento em obras do DNIT. Cachoeira temia que o então diretor contasse algo sobre as supostas relações da Delta. O caso envolve o então diretor da construtora para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu.
No grampo da PF, segundo a PF, é citado o nome do senador Blairo Maggi (PR).
Confira a íntegra da reportagem da Folha:
Cachoeira agiu para proteger Demóstenes de ex-diretor do DNIT
O grupo de Carlinhos Cachoeira pediu a intervenção de um aliado do ex-diretor do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transpores), Luiz Antônio Pagot, para acalmá-lo e evitar que ele atacasse o senador Demóstenes Torres (ex-DEM).
A PF interceptou conversas telefônicas na Operação Monte Carlo, em julho de 2011, quando uma série de suspeitas de corrupção no DNIT levou à queda do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e de Pagot.
Escutas telefônicas mostram que Acácio Rozendo, aliado de Pagot, recebeu R$ 24 mil em sua conta, em abril de 2011, repassados por uma empresa do grupo de Cachoeira. O servidor também era ligado ao então diretor da Delta Construções para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu.
Pagot fora convocado a dar esclarecimentos na Comissão de Infraestrutura do Senado sobre denúncias de superfaturamento em obras do DNIT.
Em 5 de julho de 2011, depois das 23h, Demóstenes avisa Cachoeira: "Pagot hoje tava bravo, mandando recado aqui pra todo mundo".
No dia 11, pergunta se Cachoeira tem novidades sobre Pagot. "Não, lá tá tranquilo. Pode ir lá. Blairo [Maggi, senador] mandou falar que não tem nada não. Blairo que manda nele, uai", assegura o empresário. Mas liga imediatamente para Cláudio Abreu, da Delta, e relata a situação.
"Nosso amigo está preocupado com Pagot amanhã. Não sabe se vai lá ou deixa de ir", comenta Cachoeira. Abreu faz uma sugestão: "Ele não faz parte da comissão. Se eu fosse ele, não iria".
Uma hora depois, o empresário informa que Demóstenes faz parte da comissão e orienta Abreu a falar com Blairo para acalmar Pagot.
O diretor da Delta afirma que pediu para Acácio falar com Blairo.
Duas horas mais tarde, Demóstenes recebe a boa notícia de Cachoeira. "Professor? O Acácio teve lá com ele [Pagot]. Agradeceu e disse que vai falar só tecnicamente".
No dia seguinte, Abreu faz mais uma recomendação: "O menino [Acácio] falou que pode despreocupar".
Até a conclusão desta edição, a Folha não conseguiu localizar Rozendo nem Pagot.
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