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Cidades
Terça - 12 de Novembro de 2013 às 01:21

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Índios que participam da 12ª edição dos Jogos dos Povos Indígenas, que está sendo realizado em Cuiabá, reclamam de falta de água, comida, infraestrutura e da desorganização do evento.

A competição começou na última sexta-feira (8) e vai até o próximo sábado (16). Os jogos estão sendo realizados no Jardim Botânico, no bairro Sucuri, periferia de Cuiabá. Conforme o governo do Estado, 1,6 mil índios de 48 etnias brasileiras e mais 16 estrangeiras participam dos jogos. Mais de R$ 3 milhões foram investidos na estrutura.

O índio Aislano Wapriiwari conta é a terceira vez que participa dos jogos e considera esta edição a com pior nível de organização.

“Onde está este dinheiro que dizem que foi investido? Nós ficamos empolgados quando soubemos que os jogos seriam no nosso Estado, mas quando chegamos aqui foi só decepção. Em outros lugares recebíamos colchão e travesseiro. Aqui nem isto. Nunca tinha faltado água. Nós ficamos três dias sem e quando ela veio era tão suja que nem roupa nós conseguimos lavar. O jeito foi usar a água do rio mesmo”.

Ele contou que o seu nome (Wapriiwari) significa homem forte e resistente, mas sob o forte sol de mais de 40ºC e sem água nem ele tem aguentado. A comida também tem sido escassa e faltam limpeza e organização. “As meninas do futebol feminino quase foram desclassificadas. Elas acordaram às 5h para o café, porque havia um jogo às 8h, mas o pessoal do refeitório só chegou as 7h30.”

A distância da vila olímpica e os problemas estruturais também afetaram os outros objetivos do evento, como integração entre as etnias e a população da cidade. Sem linhas específicas, a média de público da competição tem sido baixa. “Também não tem ônibus para levar os índios para conhecerem a cidade. Moramos em Mato Grosso, não conhecemos Cuiabá e não vai ser desta vez.“

Segundo Haru Kuntanawa, líder da tribo Kuntanwa, do Acre, diversas pessoas da sua comunidade passaram mal devido ao forte calor. “Sabemos que todos os povos devem ter o espírito preparado, mas as condições não têm sido as melhores. O clima não é para a gente. Ainda escolheram um local ruim. Aqui era para ou ser um gramado ou terra batida. Com este pó e sem água várias pessoas ficaram doentes. Eu estou sem voz. Muitos tiveram dor de barriga.”

Haru elogiou a iniciativa do evento e disse que a maior conquista é ter este espaço, mas a falta de cuidados com alguns detalhes manchou a edição mato-grossense da competição.

Segundo German Granda, do Instituto Peruano de Desporto (IPD), após três dias de viagem, os 27 índios da etnia harambut, da região de Madre de Dios, no Peru, optaram por se alojar em um hotel a ficar na vila. Ele disse que a decisão se deu por dois motivos: o primeiro pela falta de espaço e o segundo pelas más condições.

A assessoria do Comitê Intertribal, que organiza os jogos, informou que os eventos são realizados em parceria com o Estado e município. Conforme a assessoria, todos os problemas citados são de ordem estrutural e por isto é responsabilidade dos governos.

A assessoria de Secretaria de Estado de Lazer (Seel) informou por meio de nota que desconhece a informação de que não teria honrado com seus compromissos para a realização dos Jogos dos Povos Indígenas. Segundo a assessoria, tudo o que foi estabelecido com o governo federal para a realização do evento foi cumprido.

A reportagem do Diário procurou o secretário se esporte do município para se manifestar, porém ele não respondeu as ligações telefônicas.
 






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