Gravações feitas pela PF revelam ligações entre Pagot e Delta
A ausência dos nomes de Luiz Antônio Pagot e do dono da empresa Delta, Fernando Cavendish, entre os depoimentos a serem dados na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do caso Cachoeira, foi duramente criticada por deputados e senadores da oposição no Congresso Nacional durante a leitura do plano de trabalho da CPMI.
Isto porque, com base em escutas feitas pela Polícia Federal através da operação Monte Carlo, Pagot e Cavendish são personagens centrais de uma trama entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que era comandado por Pagot, a Delta, a empreiteira que detinha muitos contratos para execução de obras no país.
De acordo com reportagem publicada no blog do jornalista Josias de Souza, um áudio veiculado pelo ‘Jornal da Globo’ horas depois da aprovação do plano de ação do deputado Odair Cunha (PT-MG), o relator da CPI, revela diálogos entre Cachoeira Cachoeira, o senador Demóstenes Torres e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta na região Centro-Oeste.
Nas conversas, o bicheiro, o sensdor e o empresário tinha receio de que Pagot revelasse os segredos da empreiteira e da quadrilha depois de ter sido demitido do Dnit por Dilma Rousseff, em julho do ano passado. De acordo com a Polícia Federal, Pagot havia participado de um jantar com Cachoeira, Demóstenes e Fernando Cavendish. As escutas indicam que o bicheiro recorreu ao padrinho político de Pagot, o senador Blairo Maggi (PR-MT), para conter os arroubos do “afilhado”, cuja queda fora atribuída a irregularidades no Dnit.
As conversas revelam indícios da existência de um esquema para favorecer a Delta no Dnit, órgão do Ministério dos Transportes que cuida da construção e manutenção de estradas e toca obras do PAC. .
Blairo Maggi nega que tenha sido procurado. O nome dele é mencionado numa primeira conversa de Demóstenes com Cachoeira. O senador soou preocupado. Parecia temer que Pagot levasse os lábios ao trombone:
- Demóstenes: Você teve notícia?
- Cachoeira: Não, Blairo mandou falar que não tem nada não. Blairo que manda nele, uai.
- Demóstenes: Mas o Blairo falou que tá tudo ok?
- Cachoeira: Falou… Mandou falar.
- Demóstenes: Ah, então tá bom. Então beleza. Então falou. Até mais.
Em outro grampo, Cachoeira conversa com Cláudio Abreu, na época o mandachuva da Delta no Centro-Oeste. Fica subentendido no diálogo que, se recorresse ao trombone, Pagot teria o que soprar:
- Cachoeira: Ele não vai falar nada não. Senão o cara fala que jantou lá, tal, com…Com Fernando [Cavendish], com ele. Não vai falar isso não, porque tá dando tiro no pé também, né?
- Cláudio: É, positivo. Tem nada a ver.
Um dia depois, Cachoeira e Demóstenes como que celebram o silêncio de Pagot:
- Cachoeira: Doutor, deu certo aí?
- Demóstenes: Uai! Deu. O homem não me falou nada não. Tudo tranquilo.
No seu plano de trabalho, o relator petista Odair Cunha incluiu no rol de personagens a serem inquiridos pela CPI o contraventor Cachoeira, o senador Demóstenes e o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu. Porém, excluiu da lista Fernando Cavendish e Luiz Pagot, em uma clara tentativa do governo de afastar a CPMI da administração federal e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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