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Quinta - 03 de Maio de 2012 às 15:34
Por: Ericksen Vital

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Reprodução/TVCA
Toni Bernardo foi morto durante briga em uma pizzaria em Cuiabá
Toni Bernardo foi morto durante briga em uma pizzaria em Cuiabá

Dois pareceres de investigações internas abertas pela Polícia Militar de Mato Grosso apontaram que os policiais Wesley Fagundes e Higor Marcell Mendes Montenegro, ambos de 24 anos, não devem ser considerados culpados, na esfera administrativa, pela morte do universitário de Guiné-Bissau Toni Bernardo da Silva, de 27 anos, ocorrida no ano passado em Cuiabá. “Ambos os procedimentos não viram a culpabilidade dos policiais”, afirmou, em entrevista exclusiva ao G1, o corregedor-geral da PM, Jorge Catarino Morais Ribeiro.

O corregedor da PM explicou que a corporação abriu processos administrativos diferentes contra os policiais. Por ser recém-formado, Wesley Fagundes respondeu a uma sindicância e Higor Montenegro foi investigado pelo Conselho de Disciplina por já atuar há quatro anos na corporação .

O coronel Catarino informou ao G1 que ambos os processos já foram concluídos e estão sob análise da Corregedoria da PM, que poderá concordar ou discordar dos pareceres técnicos. Ou seja, caso a Corregedoria tenha entendimento diferente do que concluíram as investigações administrativas, os policiais ainda podem ser expulsos da corporação. “Vamos analisar os pareceres em conjunto. Depois devemos encaminhar os relatórios para o comandante da PM, coronel Osmar Lino Farias, que vai dar a decisão final do caso”, relatou o corregedor.

O advogado dos policiais, Ardonil Manoel Gonzales Junior, tem declarado que os policias devem ser inocentados, pois eles, na visão do advogado, não cometeram nenhum crime militar. O advogado ressaltou também que a intenção dos policiais nunca foi matar o estudante. Na opinião dele, os dois acusados estavam, apesar de sem uniformes, em pleno exercício profissional. Ele argumenta que isso ficou configurado a partir do momento em que eles suspeitaram que a africano estaria cometendo crime de roubo dentro da pizzaria.

O corregedor da PM explicou que as investigações internas geralmente observam uma série de critérios técnicos e morais para decidir sobre a culpabilidade dos PMs. “Esses casos são complexos por estarem agregados ao suposto fato criminoso. Devem ser analisados, por exemplo, se os policiais eventualmente feriram a conduta moral militar e se eles não agiram de acordo com a boa técnica”, observou o corregedor. Os dois PMs deixaram as ruas e trabalham atualmente apenas em serviços administrativos.

A morte do estudante de economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aconteceu no dia 22 de setembro de 2011 dentro de uma pizzaria, no bairro Boa Esperança, em Cuiabá. O caso ganhou repercussão nacional após a embaixada do país africano cobrar a investigação do caso.

Além da esfera administrativa, os dois policiais e um empresário se tornaram réus em uma ação criminal em março deste ano. A juíza da 3ª Vara Criminal de Cuiabá, Maria Rosi de Meira Borba, aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) que apontou que os três cometeram o crime de lesão corporal seguida de morte. A promotoria também pediu à Justiça para que os PMs sejam afastados das suas funções.

Para a promotora Fânia Amorim, autora da denúncia, já existem indícios suficientes para comprovar a autoria do crime. “Os denunciados, mediante violência consistente em socos, chutes e estrangulamento, teriam ofendido a integridade corporal e a saúde da vítima”, declarou.

Circuito de segurança
A reportagem do G1 obteve com exclusividade as imagens de uma das câmeras de segurança instaladas na pizzaria onde o africano foi morto. As imagens mostram apenas um ângulo do momento em que o africano chegou ao estabelecimento. Depois disso, ele foi espancado, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Naquela quinta-feira, dia 22 de setembro, em Cuiabá, o estudante Toni chegou à pizzaria às 23h17 sob efeito de droga, segundo a polícia. No local, as imagens mostram que ele teria abordado quatro clientes em uma mesa e, de acordo com depoimentos de testemunhas, ele pediu dinheiro. Diante da negativa inicial, ele teria se dirigido a outra mesa onde estavam o empresário - acusado de participar da morte do africano - e a namorada dele.

Segundo apurou a polícia, a mulher disse que o africano se sentou ao lado dela e, novamente, pediu dinheiro. Às 23h18, as imagens mostram o início do tumulto. Houve pânico e muita correria na pizzaria. A partir deste momento, a câmera mostra apenas uma imagem distorcida do que seria a briga entre o africano, os policiais militares, clientes e funcionários. Um carro da Polícia Militar chegou à pizzaria cerca de 10 minutos após o início da briga, quando Toni já estava morto, conforme relataram as testemunhas do caso.





Fonte: Do G1 MT

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