Cristina Kirchner sanciona lei de desapropriação da YPF
A presidente argentina, Cristina Kirchner, promulgou nesta sexta-feira a lei de desapropriação das ações da Repsol na YPF e designou Miguel Galuccio, um experiente profissional do setor, para comandar uma petrolífera "moderna, competitiva, alinhada com a direção do país".
Acolhida pelo Governo, governadores, empresários, sindicalistas e dirigentes governistas, e no meio de vivas, aplausos e hinos peronistas, Cristina assinou a lei de desapropriação da YPF que, além disso, declara de interesse público o autoabastecimento de hidrocarbonetos.
A presidente anunciou a nomeação de Galuccio, um profissional do setor petrolífero com mais de 20 anos de experiência internacional que enfrenta o difícil desafio de fazer da YPF "uma empresa moderna, competitiva e alinhada com a direção do país", nas palavras de Cristina. "Vamos desenvolver a tarefa com profundo sentido político e patriótico", afirmou a governante.
Galuccio, de 44 anos, natural da cidade argentina de Paraná, foi repatriado de Londres, onde trabalhava como executivo de projetos da Schlumberger, a maior empresa de serviços de prospecção e perfuração petrolífera do mundo.
Sua nomeação terá que ser ratificada na assembleia de acionistas da YPF, convocada para o dia 4 de junho. Desde o dia 16 de abril, quando Cristina decretou a intervenção da YPF e enviou ao Parlamento a proposta de desapropriação, a companhia petrolífera estava sob a gestão de um grupo de interventores dirigidos pelo ministro do Planejamento, Julio de Vido, e pelo vice-ministro de Economia, Axel Kicillof.
"Galuccio é um engenheiro que trabalhou na YPF e que representa um símbolo, recuperar os que foram embora quando aconteceu o que aconteceu na Argentina", acrescentou Cristina em alusão à emigração argentina durante a crise econômica de 2001.
Cristina Kirchner pretende conseguir "uma YPF absolutamente, moderna, competitiva, com gente profissional e com uma direção com a tendência de voltar a ter superávit e autoabastecimento na Argentina".
Para a presidente, o desafio da companhia petrolífera consiste, além disso, em demonstrar que da parte do Estado pode-se ser eficiente e que os interesses de uma empresa podem ser contraditórios aos interesses de um país.
Cristina aproveitou para reivindicar "um compromisso por parte de todas as empresas que se dedicam à produção de petróleo e gás na Argentina". "Não me chateia o fato de os empresários ganharem dinheiro, ao contrário, para isso são empresários, e querem ter sua rentabilidade, ninguém gosta de perder, mas esta rentabilidade tem que estar de acordo com o crescimento e sustentabilidade da economia", acrescentou.
A presidente agradeceu à oposição o apoio à iniciativa governamental no trâmite parlamentar, após a contundente maioria que respaldou a desapropriação tanto no Senado como no Parlamento. "Apelo para a unidade, para a sensatez e para a memória: unidos, com sensatez e com a memória de nossos fracassos, e com nossa inteligência somos capazes de superar a História, como o estamos fazendo", disse Cristina.
Após a desapropriação, as ações da YPF foram divididas entre Estado (26,03%), Grupo Petersen da família Eskenazy (25,46%), províncias petrolíferas (24,99%), Repsol (6,43%) e 17% continuarão sendo cotadas nas bolsas de Buenos Aires e Nova York.
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