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Domingo - 06 de Maio de 2012 às 13:44
Por: Alline Marques

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Mayke Toscano/Hipernoticias
Manoel Joaquim é o segundo de camisa listrada. Ele trabalhava como auxiliar de serviços gerais para Silvan Curvo
Manoel Joaquim é o segundo de camisa listrada. Ele trabalhava como auxiliar de serviços gerais para Silvan Curvo

A fuga de alguns laranjas do esquema da Conta Única pode ter sido financiada por alguns mentores da quadrilha. O HiperNotícias teve acesso, com exclusividade, a alguns depoimentos de "beneficiários" do esquema e descobriu que, além de ser irmão de Magda Curvo, apontada como uma das mentoras do esquema, já que coordenava Conta Única, Silvan Curvo também buscava gente para utilizar suas contas e ainda chegou a ajudar algumas pessoas a deixar a cidade, além de pagar advogados para alguns dos envolvidos ligados diretamente a ele, depois que o escândalo estourou.

O auxiliar de serviços gerais, Manoel Joaquim da Conceição, 53 anos, é analfabeto e tem dois filhos. Possui uma renda mensal de R$ 1.020, contando com um trabalho extra que faz para o filho do patrão, morador do bairro Osmar Cabral, e mesmo sem saber ler, escrever e muito menos administrar sua conta bancária, teve R$ 307.758 mil movimentados no Banco durante o período de 2007 a 2011. O dinheiro é proveniente da Conta Única do Estado de Mato Grosso. Em função disso, foi preso na quinta-feira (3) durante a Operação Vespeiro e revelou, em seu depoimento, que o patrão Silvan Curvo e a esposa Edilza Curvo chegaram a oferecer dinheiro para que eles deixassem a cidade.
 
Manoel é marido de Maria das Graças de Souza, que trabalha para Silvan há quase 25 anos e, segundo ele, era ela quem movimentava sua conta e ficava com seu cartão, já que é analfabeto. Ele foi incapaz de ler seu próprio depoimento na delegacia, sendo solicitado ao investigador que o fizesse e sequer assinou o documento. O auxiliar contou que possuía uma conta salário no Banco do Brasil para receber os proventos de seu emprego antigo, porém quando deixou o trabalho sua mulher o orientou a transformar a "conta salário" em "conta corrente". Fato que ocorreu no ano de 2010, sob a justificativa de que se sobrasse algum dinheiro dos salários que recebia poderia ser depositado na conta "para fazer uma economia".

Embora tenha feito a conversão da conta, nunca esteve de posse do cartão magnético e, considerando que quem tomava conta de todos os negócios da família era sua esposa, nunca perguntou a ela sobre o cartão, até porque é analfabeto e sempre que precisava ir ao banco sacar algum dinheiro, na época em que trabalhava na Inemat, ou sacava na boca do caixa ou pedia auxílio a algum parente", revela trecho de seu depoimento.

BENEFÍCIOS

Apesar de afirmar que nunca recebeu nenhum dinheiro por fora e desconhecer que a sua conta era manipulada por Edilza e Silvan, ele conta que, na época em que reformou sua casa, ele e a esposa foram até a Todimo fazer um orçamento dos materiais que precisavam e Maria das Graças levou o valor para o patrão (Silvan). Aproximadamente um mês depois o material foi entregue em sua residência.

Além do material, o casal precisava pagar R$ 3.500 para o pedreiro e mais R$ 2.500 para o pintor, sendo que os valores foram pagos também por Silvan, que descontava no salário da esposa. Manoel não soube informar em quantas parcelas e nem o valor mensal que "seria" descontado na folha de pagamento dela.

Após a divulgação na imprensa do rombo na Conta Única, em fevereiro, período de carnaval, Edilza Curvo foi até a casa de Manoel e Maria das Graças dizendo que Silvan precisava falar com o casal "porque havia dado rolo no cartão e que teriam que viajar agora". Porém, o auxiliar disse a seu patrão que não "iria a lugar algum porque não tinha feito nenhuma coisa errada".

Mesmo assim, Silvan entregou a importância de R$ 1.200,00 para o casal visitar seus familiares. Então foram para São José do Rio Claro e passado 10 dias "dona Edilza ligou para a esposa dele e disse para que ela voltasse para Cuiabá com as filhas, mas ele deveria continuar na cidade". Só que Manoel não aceitou e voltou para capital com a família.

Ao retornar, Manoel foi intimado para comparecer a delegacia e comunicou Silvan sobre o fato, que providenciou um advogado para acompanhá-lo. Depois disto, nunca mais falaram sobre o assunto com os patrões.

A polícia também conseguiu imagens fornecidas pela instituição bancária nas quais constam Silvan e Edilza movimentando a conta corrente de Manoel. Questionado sobre o fato, ele alegou desconhecer a quantia depositada e não tem ideia do que foi feito com o dinheiro.

Silvan, Edilza, Manoel, e os também presos Kelly e Jonyelsen têm em comum os mesmos advogados - Zoroastro Teixeira e Raphael Arantes - contratados por Silvan.






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