Por enquanto, japoneses já fizeram nascer dentes fluorescentes em ratos e, agora, cabelos. Cientistas estão usando as chamadas células-tronco, que podem se transformar em qualquer tecido do corpo.
Experimentos com células-tronco prometem acabar com calvície

O rato é meio feioso, mas o tufo de pelos nas costas dele promete ser uma revolução capilar. Imagine nunca mais se preocupar com a queda de cabelos? Poder escolher a cor e até a forma do cabelo, liso ou encaracolado? É o que promete, para o futuro, a terapia genética que está sendo pesquisada nos laboratórios da Universidade de Ciências de Tóquio.

O objetivo da equipe chefiada pelo professor Takashi Tsuji não é apenas estético. É mais ambicioso. O professor explica que a terapia daqui a algumas décadas poderá permitir a troca de órgãos defeituosos, como o fígado, por outros novinhos em folha.

Por enquanto, eles já fizeram nascer dentes fluorescentes em ratos e, agora, cabelos. Os cientistas japoneses estão usando as chamadas células-tronco, que podem se transformar em qualquer tecido do corpo.

Só é possível entrar em uma área esterilizada do laboratório usando uma roupa especial para não contaminar as amostras que estão sendo pesquisadas. Elas estão em uma das fases mais importantes do trabalho. É dessa sala que vão sair as preciosas células-tronco.

No caso dos ratos, os cientistas usam a pele de uma espécie peluda. Dentro dos folículos, há dois tipos de células-tronco. Elas são responsáveis pela reposição dos fios. Os cientistas já conseguiram reproduzir uma dessas células-tronco em laboratório. Depois, elas foram transplantadas para um tipo de rato que não tem pelos e não rejeita o material genético de outro roedor.

No caso dos ratos, o pelo é reposto a cada 20 dias. Eles estão na segunda cabeleira que nasce.

Mas este não é o único tratamento contra a calvície vindo do Japão. Os pesquisadores da Universidade de Nagoya descobriram que uma substância presente na pasta de soja fermentada também ajuda a fazer crescer cabelos.

No Brasil, a novidade vem de uma substância encontrada em colírios para glaucoma, que tem um curioso efeito colateral. O glaucoma é uma doença que afeta a visão, mas o colírio acabou trazendo benefícios também para os cílios.

“Se observou que o cílio crescia, engrossava, escurecia. Aquilo que ocorre no cílio, em tese você também pode imaginar que ocorre para cabelo. Isso também traz mais uma esperança de tratamento para o calvo”, diz a dermatologista Denise Steiner.

A substância responsável por esse efeito, chamada latanoprosta, ainda não está liberada para tratamento de calvície. Por enquanto, o que existe no mercado são produtos como a finasterida, que apenas diminuem queda de cabelo, mas não traz de volta os fios que já se foram.

No Japão, o tratamento com células-tronco já conseguiu produzir tanto cabelos pretos quanto brancos nos ratos. Ou seja, dá para escolher a cor e, teoricamente, será possível optar também por cabelos encaracolados ou lisos. Isso, porém, ainda vai depender dos avanços da engenharia genética.

O professor Tsuji explica que, em um primeiro momento, eles estão planejando fazer um procedimento semelhante ao implante que já existe hoje.

Será preciso retirar um pequeno pedaço da pele de uma parte da cabeça do próprio paciente onde ainda há cabelos para obter as células-tronco.

O professor garante que isso poderá ser usado em quase todos os carecas, já que é muito raro que uma pessoa não tenha cabelo nenhum.

As pesquisas que são feitas hoje com ratos começam a ser testadas em seres humanos em três anos. Para os carecas que querem ser os primeiros a experimentar, uma má notícia: será preciso entrar na fila. Mais de 100 pessoas já se cadastraram para virar cobaias.