Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Esportes
Terça - 08 de Maio de 2012 às 12:57

    Imprimir


Gleb Garanich/Reuters
Ativista do Femen, em um dos protestos do grupo em Kiev
Ativista do Femen, em um dos protestos do grupo em Kiev
Os próximos dois meses serão de muita correria, trabalho, viagens, barulho e prisões para a jornalista ucraniana Inna Shevchenko.

A ativista de topless, como se define, e porta-voz do Femen, sabe que o midiático grupo feminista roubará as atenções na Eurocopa.


Ativistas ucranianas do grupo Femen protestam contra a prostituição em frente ao estádio olímpico de Kiev, capital da Ucrânia, antes do sorteio da fase de grupos da Eurocopa de 2012, a ser disputada na Polônia e Ucrânia

E pretende aproveitar cada segundo de exposição que a competição realizada por Polônia e Ucrânia, entre os dias 8 de junho e 1º de julho, lhe trará para apresentar ao mundo as causas que defende.

"Vamos atacar todos os encontros oficiais, todas as partidas, tudo que tiver alguma ligação com a Eurocopa", promete a ativista, em entrevista por telefone à Folha.

A arma principal será a mesma que fez essa organização formada por universitárias de Kiev, em 2008, ser conhecida internacionalmente e ganhar voz para poder espalhar sua mensagem.

Um exército de 40 ativistas jovens e bonitas realizando performances teatrais e exibindo corpos quase nus.


Ativistas ucranianas do Femen protestam, em Zurique, contra a realização da Mundial de hóquei em Belarus em 2014

O grupo, que antes de inserir os topless nos protestos não era famoso nem dentro de seu próprio país, considera que a melhor forma de lutar contra a exploração sexual é usando o seu sex appeal.

"Mas é diferente. Não estamos vendendo nossos corpos, estamos os usando para transmitir uma mensagem", afirma Shevchenko.

O Femen é radicalmente contra a Euro na Ucrânia. A organização considera que a competição será uma "tragédia para as mulheres" e irá alimentar a já vigorosa indústria da prostituição no país.

A ex-nação soviética é a maior exportadora de garotas de programa da Europa. Segundo o Instituto de Estudos Sociais da Ucrânia, o país tinha no ano passado 50 mil prostitutas. O grupo diz que o número é bem maior.

"Temos grandes recursos: mulheres lindas, pobres e de pouca educação. É muito fácil usá-las como escravas", diz a porta-voz do Femen.

"Os turistas vão ver duas horas de futebol por dia. E no resto do tempo vão querer bebida e sexo. A indústria sexual vai crescer rapidamente."

Shevchenko não tem a ilusão de mudar esse cenário até o início da Euro. Mas acredita que a exposição do problema durante o torneio pode criar uma pressão internacional favorável à organização.

"O problema é que as máfias controlam o governo e elas lucram com a prostituição, que é ilegal no país. Quando denunciamos um bordel para um policial, ele dá risada", conta a ativista.

Orgulhosa, ela elenca as vitórias que o Femen conseguiu em quatro anos de batalhas.

"Nosso maior feito foi fazer as pessoas falarem sobre a prostituição. Mas já arrecadamos dinheiro para famílias que compraram apartamentos e não puderam pagar e impedimos uma promoção de uma rádio da Nova Zelândia que queria sortear uma noite de sexo com uma ucraniana."

GRUPO QUER AGIR NO BRASIL E CRIAR "UNIVERSIDADE"

O Femen tem planos audaciosos para o futuro. Quer se espalhar pelo mundo e ter uma "universidade" para as ativistas.

A ideia é atrair as pessoas interessadas em se tornar militante dos direitos das mulheres, treiná-las e devolvê-las aos países de origem, criando núcleos da organização no exterior.

O processo de internacionalização já começou. França, Turquia, Bélgica, Itália, Rússia e Belarus são alguns dos locais que receberam a organização.

Das 390 integrantes do Femen, 50 são estrangeiras. Existe até um grupo de 15 muçulmanas francesas que se uniu às ativistas.

E um dos próximos alvos das feministas é o Brasil. Segundo a porta-voz do grupo, Inna Shevchenko, elas só não visitaram o país ainda devido a limitações financeiras.

"Sabemos que a indústria sexual é muito forte no Brasil, que há crianças e adolescentes se prostituindo. Vamos encontrar um jeito de ajudá-las. Precisamos fazer isso para poder influenciar as bravas mulheres brasileiras."
 






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/40697/visualizar/