CPI ouve responsáveis por operação que prendeu Carlinhos Cachoeira. Relator deve pedir quebra de sigilo de Demóstenes e outros parlamentares.
Depoimentos de hoje na CPI do Cachoeira devem durar 8 horas
Começou às 10h40 desta quinta-feira (10) o depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do delegado e procuradores responsáveis pela Operação Monte Carlo, que investigou a quadrilha de jogo ilegal comandada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), estimou que as oitivas do delegado Matheus Mella Rodrigues e dos procuradores Daniel Salgado e Leia Batista Oliveira, que serão em sessão fechada, demorem pelo menos oito horas.
“Na melhor das hipóteses, vai durar oito horas”, afirmou o deputado. Esta é a segunda sessão de depoimentos realizada pela CPI mista.
Antes de depor, o delegado Matheus e o delegado Raul Alexandre Marques Sousa, responsável pela Operação Vegas, que precedeu a Operação Monte Carlo, analisaram os documentos sobre a investigação que estão em poder da CPI. Raul Alexandre depôs à comissão na última terça.
De acordo com Odair Cunha, faltam à CPI documentos relativos aos investigados com foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e nos tribunais de justiça. Governadores têm foro privilegiado no STJ, enquanto prefeitos são julgados nos tribunais de justiça.
“O material é vasto. Já dá um bom início de trabalho. Eu ainda não conheço todo o material, mas [faltam documentos relativos a] pessoas, vou dizer genericamente, que ainda não estão submetidas ao Supremo Tribunal Federal. Pessoas que estão submetidas ao crivo do Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal de Justiça, especialmente”, afirmou.
Quebra de siglo
O relator da CPMI afirmou ainda que a comissão deve votar quebra de sigilo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e demais parlamentares suspeitos de envolvimento com Cachoeira.
"Com certeza nós faremos [quebras de sigilos]. É possível que nós peçamos a quebra de sigilo dos parlamentares. Aliás, nós vamos pedir das pessoas envolvidas com a organização criminosa. Configurada o envolvimento sistêmico com a organização criminosa, nós vamos pedir a quebra de sigilo", disse.
Convocação de Gurgel
O depoimento de Raul Alexandre na terça, também em sessão secreta, foi o primeiro à CPI. O delegado respondeu a perguntas dos parlamentares sobre os procedimentos da investigação. Segundo membros da CPI, o delegado disse durante a sessão que o inquérito da Operação Vegas foi entregue em 15 de setembro de 2009 sem que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tivesse tomado providências.
O Jornal da Globo teve acesso ao depoimento do delegado. Ele contou como a ação desastrada de Rogério Diniz, um assessor de Carlinhos Cachoeira, foi determinante para chegar ao bicheiro. Primeiro, pela frustrada tentativa de suborno de um delegado da Polícia Federal, numa boate em Goiânia. Depois, por ter usado um celular comum para falar com Carlinhos Cachoeira, permitindo que a polícia interceptasse as conversas telefônicas da quadrilha.
Após o depoimento do delegado Raul Alexandre, parlamentares defenderam que Gurgel também preste depoimento à comissão. Integrantes da CPI questionaram o fato de Gurgel não ter iniciado investigações ainda em 2009, quando recebeu da Polícia Federal as informações da Operação Vegas.
Nesta quarta (9), Gurgel atribuiu as críticas à sua atuação nas investigações das atividades do contraventor Carlinhos Cachoeira a "medo do julgamento do mensalão". O procurador argumenta que, como acusador no caso, não pode falar em depoimento à comissão sob pena de ser afastado do processo.
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