O ex-bancário Pedro Meyer foi indiciado por estupro e atentado ao pudor na manhã desta quinta-feira (10) pela delegada Margaret Rocha, chefe da Divisão Especializada de Atendimento da Mulher, do Idoso e do Portador de Deficiência de Belo Horizonte. Durante uma entrevista coletiva, a delegada disse que usou como principal embasamento uma carta de uma menina de 11 anos estuprada em 1997, que estava anexada ao processo daquela época. A vítima reconheceu o suspeito em março deste ano em uma rua do bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Margaret informou que a denúncia feita há 15 anos pela família da garota também foi acompanhada por ela. “Na época, a menina estava muito abalada e tinha dificuldade em falar sobre o assunto. Ela escreveu uma carta detalhando tudo que fez no dia do crime. Durante a descrição, ela cita o nome “Pedro” por três vezes se referindo ao autor do abuso sexual”.
Policiais especializados realizaram, na semana passada, um exame grafotécnico que, segundo Margaret, comprovou que a grafia é da vítima. Na carta, a menina relata que foi abordada pelo suspeito na portaria do prédio que morava quando ia à padaria. Ele teria ameaçado a garota, caso ela não fizesse tudo que ele queria. A delegada disse que foi realizado exame de corpo de delito, confirmando a presença de sêmen no vestido e na calcinha da garota. “O resultado do exame está junto ao processo, mas não conseguimos localizar as roupas porque na época não existia arquivo de provas como estas”.
O processo encaminhado à Justiça tem cerca de 150 páginas. Segundo a polícia, os abusos sexuais cometidos por Pedro Meyer aconteceram entre 1990 e 1998, quando houve uma onda de estupros a crianças e adolescentes em Belo Horizonte. Após a prisão dele, outras 15 mulheres procuraram a delegacia e novos inquéritos foram abertos. A delegada ressaltou que vai dar prosseguimento às investigações, que podem levar a outros indiciamentos.
Defesa nega acusação
O advogado do ex-bancário, Lucas Laire, informou nesta quinta-feira (10) que só vai se manifestar depois do oferecimento da denúncia, na fase judicial. Anteriormente, em 23 de março, ele informou ao G1 que acredita na inocência do ex-bancário e que o cliente tem todos os requisitos para aguardar a conclusão do caso em liberdade. “Ele tem endereço fixo, é réu primário, não está fazendo ameaças nem pretende fugir”, alegou Laire.
Em entrevista à TV Globo Minas, o defensor reafirmou que Pedro Meyer é inocente e está sendo confundido por ter semelhanças físicas com outros acusados de crimes semelhantes. Na ocasião, Laire cobrou provas da polícia. “Não é o Pedro que tem que provar sua inocência, é o estado que tem que provar a culpa dele”, disse.
Ainda segundo advogado, o cliente sofreu pressão psicológica para assumir três crimes, o que foi denunciado pela defesa na Corregedoria da Polícia Civil. A delegada responsável pelo inquérito negou. “Não existiu em qualquer momento pressão psicológica. Ele [Pedro] confessou três delitos, três crimes, inclusive o da vítima que o perseguiu, que foi atrás, que deu inicio a toda esta história” explicou a delegada Margaret Rocha.
“O Pedro é uma pessoa que nunca teve nenhum processo, nunca teve confusão com ninguém, nunca foi envolvido em nenhum boletim de ocorrência. Ele está sendo pré-julgado com base em acusações que ainda não são acusações claras. Tanto eu quanto a família, a gente esta preocupado com a integridade física dele até para ele ter condições de responder, de deixar clara a inocência dele nessas acusações”, disse o advogado à reportagem da TV Globo Minas.
Parentes de Pedro Meyer negam o envolvimento dele nos casos. A família procurou o Ministério Público para denunciar as agressões físicas que ele sofreu na prisão, atribuídas a colegas de cela.
Entenda o caso
A mulher que reconheceu Pedro Meyer como suspeito de estupro foi abusada quando tinha 11 anos, em 1997. Eles se encontraram por acaso em uma rua do bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, no dia 29 de março deste ano.
Segundo a Polícia Civil, quando andava na rua, a mulher reconheceu o homem e o seguiu até um edifício. Imediatamente, ela procurou a Polícia Militar, que encaminhou o suspeito para uma delegacia.
De acordo com a polícia, à época do crime, as investigações foram realizadas por dois anos, mas o caso foi encerrado a pedido da família da vítima. A corporação informou que Pedro Meyer confessou ao menos três estupros entre 1992 e 2005.
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