Guilherme Longo presta primeiro esclarecimento à polícia, após ser preso. Ele é apontado como principal suspeito pela morte do garoto de 3 anos.
Padrasto depõe em delegacia após prisão no caso do menino Joaquim
Guilherme Longo deixa unidade prisional em Barretos em direção a Ribeirão Preto (Foto: Ronaldo Moura/Programa do Leo)
O padrasto do menino Joaquim Ponte Marques, Guilherme Longo, presta depoimento desde o início da tarde desta quarta-feira (13), na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto (SP). Este é o primeiro depoimento de Longo, após ter sido preso na noite de domingo (10), depois que o corpo do garoto foi encontrado, no Rio Pardo, em Barretos (SP).
O padrasto é apontado pela polícia como principal suspeito da morte do garoto de 3 anos. O delegado responsável pelo caso, Paulo Henrique Martins de Castro não informou detalhes sobre o depoimento. Longo e a mãe de Joaquim, Natália Ponte, estão presos desde a noite de domingo, após terem a prisão temporária decretada por 30 dias.
O promotor Marcus Túlio Nicolino e o advogado de Longo, Antônio Carlos Oliveira, acompanham o depoimento. O padrasto, que estava em unidade prisional em Barretos chegou à DIG por volta das 12h em um carro descaracterizado para não chamar atenção de populares e da imprensa.
O avô materno de Joaquim, Vicente Ponte, esteve na delegacia por volta das 16h, acompanhado de um advogado e parente da família, mas já deixou o local. Ele não deu declarações.
O advogado de Longo disse nesta quarta-feira que o padrasto está bem, mas abalado, e que sente falta da família. "Posso garantir que ele está bem, mas muito abalado com tudo isso. A prisão é um trauma. Ele está abalado pela morte do menino, pela ausência da Natália, e pela ausência do filho do casal. Ele está em uma cela sozinho, não porque é uma obrigatoriedade, mas porque como está preso temporariamente, ele só poderia ficar com alguém na cela que esteja na mesma condição. Os agentes de segurança confirmaram que ele está tendo toda a segurança possível", diz o advogado.
Padrasto de Joaquim presta depoimento na DIG
(Foto: Fernanda Testa/G1)
Durante a tarde de terça-feira (12), a polícia esteve na casa da família no bairro Jardim Independência e recolheu objetos de Joaquim e o computador, onde segundo Natália afirmou em depoimento, Longo teria feito pesquisas sobre dosagens de insulina, medicação que a criança tomava para tratamento do diabetes.
A Justiça também concedeu a quebra do sigilo telefônico da mãe, do padrasto e de familiares próximos, para rastrear as ligações que eles fizeram desde o desaparecimento da criança no dia 5 de novembro. Segundo Castro, as investigações agora dependem da apresentação de novos laudos e de depoimentos de profissionais ligados à área da saúde, pessoas ligadas à família.
O caso
O corpo da criança, desaparecida desde o dia 5 de novembro, foi encontrado no Rio Pardo no domingo e enterrado na segunda-feira (11) em São Joaquim da Barra (SP), cidade da família da mãe. Longo e Natália foram proibidos judicialmente de acompanhar o sepultamento.
Em depoimento após a prisão, Natália Ponte afirmou à polícia que Longo teria tentado se matar no domingo (3), dois dias antes do desaparecimento do garoto, aplicando em si mesmo a insulina que era utilizada no tratamento do enteado, que sofria de diabetes.
Para o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino a afirmação demonstra que Joaquim pode ter sido morto por superdosagem do medicamento no sangue. Isso porque Natália conta que o padrasto teria mentido quanto à dose que usou na tentativa de se matar. Primeiro, Longo contou ter aplicado duas unidades da substância em si mesmo. Entretanto, após a mãe entregar à polícia os medicamentos e o aparelho usado na aplicação, que estavam na casa da família, o marido teria contado outra versão, afirmando “ter feito uma autoaplicação de 30 unidades de insulina.”
Natália também afirmou que estava sendo ameaçada de morte por Longo porque queria se separar dele, já que ele havia voltado a usar cocaína. Ela também afirmou que já havia sofrido agressões do marido. O casal, segundo o promotor, brigava com frequência porque Longo tinha ciúmes de Joaquim. Durante uma dessas discussões, ele chegou a dizer que jogaria o filho do casal, um bebê de 4 meses, contra a parede.
Desde o início das investigações, a Polícia Civil obteve imagens registradas por câmeras de segurança instaladas na rua onde fica a casa da família de Joaquim e próximo à casa do pai de Guilherme, Dimas Longo. Segundo o delegado, Dimas saiu de carro da casa dele, na madrugada do desaparecimento de Joaquim, e retornou algum tempo depois. As imagens ainda estão sendo analisadas pela polícia.
O promotor afirmou que, na semana passada, a polícia obteve um vídeo – também gravado na madrugada do sumiço do menino – que mostra um homem carregando um objeto que se parece com uma sacola grande, andando pela rua da casa da família. "Esse homem carrega um pacote, uma espécie de sacola, com as duas mãos. Momentos depois, a mesma pessoa faz o caminho de volta, porém sem o pacote em mãos", explica.
As imagens não foram divulgadas pela polícia, mas já foram incluídas no inquérito. A polícia aguarda ainda o resultado dos laudos toxicológicos feitos no corpo do menino.
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