Um grupo de detentos foi flagrado usando aparelhos celulares em celas e pátios da Penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis, a 218 quilômetros de Cuiabá. As imagens obtidas pela TV Centro América mostram vários presos falando tranquilamente ao celular, sem se preocupar em serem filmados.
Em uma das imagens, um detento fala ao celular e depois consulta a agenda para fazer uma ligação. Em outra, o preso anda pelo pátio do presídio falando ao celular. Uma terceira imagem mostra um preso sentado utilizando fones de ouvido enquanto o celular está pendurado na grade de uma cela.
Ainda nas filmagens, a maioria dos presos fica perto das janelas e grades da cela, para facilitar a captação do sinal nas ligações. As imagens foram mostradas ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mato Grosso, Cláudio Stábile. A direção do presídio não se manifestou sobre o assunto.
“São cenas lamentáveis e preocupantes. Mostra a falta de eficiência na gestão e administração dos presídios. Esse presos podem estar ameaçando testemunhas, interferindo nos processos e, às vezes, até comandando atividades criminosas fora do presídio”, lamentou Stábile.
Para a juíza Nilza Maria de Carvalho, golpes como do falso sequestro são aplicados por esses presos. “Eles estão ganhando muito dinheiro em cima de pessoas ingênuas que acreditam que algum parente foi sequestrado”, disse a magistrada.
Apreensões
Nos últimos dois anos foram apreendidos mais de três mil celulares nos presídios de Mato Grosso. Os aparelhos são analisados por técnicos da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). De acordo com a Secretaria, a maioria dos aparelhos entra desmontada nos presídios, ou escondida com parentes dos detentos, ou até com advogados.
O secretário adjunto de Administração Penitenciária da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Clarindo Alves de Castro, disse que o problema da entrada de celulares em presídios não é uma realidade apenas de Mato Grosso, mas de diversas unidades prisionais em todo o país. Para tentar barrar a entrada dos telefones, o governo adquiriu banquetas eletrônicas. “A pessoa que estiver ocultando algum equipamento eletrônico e tentar entrar em uma das nossas unidades, ele detecta e os nossos agentes penitenciários são preparados e capacitados para apreender esses equipamentos”, afirmou Clarindo de Castro.
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