Ciúmes teria motivado agressões
Em entrevista ao G1 nesta sexta-feira (11), uma das sete irmãs da vítima, que preferiu não se identificar, contou detalhes sobre os momentos de apreensão que a família viveu durante os 15 dias em que a jovem ficou presa na casa do namorado. O crime teria sido cometido por ciúmes de fotos postadas no Facebook ao lado de amigos.
Ela contou que, durante o período em que ficou na casa, a jovem ligava para a família. Mas a mãe e irmãs não sentiam firmeza quando ela dizia que estava bem. “Quando ela ligava, falava que estava bem. Mas a gente sabia que ela estava falando que estava bem porque ele estava do lado. A gente ouvia a voz dele”, disse. A família foi até a casa da vítima depois de receber uma ligação do trabalho dela.
A jovem só foi achada porque uma das irmãs sabia onde o bombeiro morava. A vítima foi encontrada vestida apenas com uma camiseta. “Foi horrível quando olhei ela falando com a gente atrás de uma grade. É horrível. Ela falando que não tinha como sair, que estava presa. Na mesma hora a gente chamou a polícia”, lembrou.
A irmã disse ainda que no início a jovem não queria que a polícia fosse chamada. "Ela dizia "pelo amor de Deus, não chama ele vai fazer alguma coisa com vocês, comigo". Ela pediu pelo amor de Deus para não chamarmos a polícia, mas a gente chamou porque ela estava num estado precário”, detalhou.
Agressões
Segundo a família da vítima, as agressões à jovem começaram muito antes. Entre idas e vindas, os dois estavam juntos havia quase 4 anos. A jovem, de acordo com familiares, chegou a morar com o bombeiro por 19 dias, mas o deixou por conta das agressões.
Segundo relato da vítima, o bombeiro aumentava o som do rádio toda vez que a agredia, e teria chegado a colocar uma bermuda em sua boca. O bombeiro também teria ameaçado a sua família.
Família defende bombeiro
Já a irmã do bombeiro acusado do crime, Naamare Correia, diz que a jovem estava na casa do irmão por vontade própria. Segundo ela, o irmão é uma boa pessoa e gosta de ajudar as pessoas.
“Se ela estava em cárcere privado, por que ela não gritava quando ele saía para trabalhar? Eu creio que essa história vai se desenrolar e a verdade vai aparecer. Ela não tem a dimensão de como o que ela falou é prejudicial. Ela não tem essa dimensão de que ele pode até ser expulso do Corpo de Bombeiros”, disse.
Naamare diz ainda que sabia que a jovem estava na casa do irmão. “Se ele estivesse mantendo alguém em cárcere privado, ele não contaria para ninguém, ele a esconderia em outro lugar e não na casa dele”, argumenta. Ainda segundo ela, a família jamais aprovaria qualquer tipo de violência.
“A família ficou surpresa (com a prisão). Se ele tivesse batido nela dessa maneira, a gente seria contra”, ressaltou.
Ela estava com medo, diz policial que fez o resgate
O tenente Alex Palagar participou da libertação da jovem. Segundo ele, uma câmera foi encontrada no local, com imagens salvas pelo próprio bombeiro.
“Ele mantinha relações sexuais forçadas com ela, a agredia constantemente, filmando e registrando isso numa máquina digital. A perícia foi no local e apreendeu o CPU (do computador) e a máquina”, contou Palagar.
De acordo com o policial, a jovem estava com medo. “Eu só pedia a ela que confiasse no trabalho da polícia. Fiz o contato com a Corregedoria dos bombeiros, relatando o fato e pedi que ele ficasse detido no quartel até que o delegado avaliasse o caso”, disse o PM.
Investigações
O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande). De acordo com o delegado titular, Marcus Drucker, a polícia aguarda apenas o resultado da perícia e do laudo do exame de corpo de delito.
“O flagrante está quase concluído. Já foram ouvidas todas as pessoas, recolhidas as provas. O Dr. Renato (delegado que estava de plantão) entendeu que o depoimento da vítima era consistente”, disse Drucker.
Ele afirmou ainda que não há previsão de ouvir novas testemunhas. “Temos dez dias para encerrar o flagrante”, explicou.
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